SÃO PAULO - A apenas uma semana da abertura do maior evento esportivo já realizado por aqui, o tradicional clima de Copa do Mundo ainda não pegou totalmente no país.

Diferentemente das competições passadas, quando 15, 20 dias antes era impossível sair de casa sem se deparar com dezenas de ruas pintadas e incontáveis bandeirinhas nos postes e nos automóveis, desta vez, justamente quando o evento é no Brasil, no país que costuma se intitular "o do futebol", o verde e amarelo anda meio sumido. Curtir a seleção virou algo politicamente incorreto.

Como é difícil acreditar que o brasileiro tenha de uma hora para outra simplesmente deixado de gostar do que Drummond chamava de a "cobiçada esfera" e, sobretudo, de Copa do Mundo, é provável que o país viva apenas uma espécie de TPM (tensão pré-Mundial).

Tensão que foi alimentada pelo medo dos "black bestas" e dos seus protestos violentos (um adesivo no carro pode significar, quem sabe, uma janela quebrada ou uma porta amassada), pela desconfiança de que houve superfaturamento e roubalheira nos gastos, pelas greves que emparedam o poder público e atrapalham o deslocamento para o trabalho e, sobretudo, pelo receio de que a Copa, no final das contas, se transforme num grande motivo de vergonha nacional.

Todos os estádios estarão prontos até a abertura da competição? Os aeroportos vão ser suficientes para receber os cerca de 3,6 milhões de turistas previstos? O esquema de segurança vai funcionar? O deslocamento pelas cidades será caótico? A Copa das Copas será a pior de todos os tempos?

Na próxima quinta-feira (12), quando Neymar, Fred e companhia entrarem no gramado do Itaquerão, a maioria das perguntas acima ainda não terá obtido resposta. Mas o clima, tomara, será completamente diferente. Afinal, depois de tanta confusão, o brasileiro tem, ao menos, o direito de se divertir com a Copa.