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    Rogério Gentile

    As mentirinhas de Lula

    18/12/2014 02h00

    SÃO PAULO - Lula tentou reescrever nos últimos dias mais um capítulo da história do Brasil, alterando e distorcendo fatos para fazer valer a única versão que resta ao PT após mais um escândalo impressionante de corrupção, o petrolão.

    O ex-presidente afirmou que "todos" os instrumentos para combater a corrupção foram criados durante os governos petistas. Todos??? "Se existe corrupção, é porque o PT criou os instrumentos", disse, citando especificamente a delação premiada, a Lei de Acesso à Informação e a Controladoria Geral da União.

    A delação premiada é um pouquinho mais antiga que o PT. Há mais de 2.000 anos, Sun Tzu defendia que é moral o emprego de espiões, mediante pagamento de recompensas, para enfrentar o inimigo. Judas entregou Jesus Cristo em troca de 30 moedas de prata.

    No Brasil, a delação premiada vigorou no período colonial de 1603 a 1830. Reapareceu em 1990, no governo Collor, com a Lei dos Crimes Hediondos, aprovada em meio a uma onda de sequestros. Pela lei, o criminoso que viesse a denunciar seus comparsas, facilitando a libertação da vítima, teria sua pena reduzida de um a dois terços. Depois, o instituto da delação foi ampliado para outros crimes nos governos FHC e Lula.

    A Lei de Acesso à Informação e a Controladoria são outras mentirinhas de Lula. A primeira, de fato, foi enviada ao Congresso pelo seu governo, mas com uma grande diferença. O petista queria manter a figura do sigilo eterno para alguns documentos, o que foi modificado pelo Congresso, que estipulou prazo máximo de 50 anos para divulgação.

    A Controladoria, ainda que tenha sido aprimorada por Lula, já existia com FHC sob nome de Corregedoria Geral da União. À época, ficou famosa a ministra Anadyr de Mendonça, chamada de "mal-amada" pelo finíssimo Paulinho da Força por ter rejeitado as contas da central sindical.

    Para Lula, mudar o passado deve ser mais fácil do que mudar o PT.

    rogério gentile

    Escreveu até março de 2016

    Foi secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna "Painel" e do caderno "Cotidiano".

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