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    Ronaldo Caiado

    O Brasil não confia em Dilma

    18/07/2015 02h00

    A presidente Dilma Rousseff perdeu uma grande oportunidade quando esteve nos Estados Unidos, ao final de junho, de discutir verdadeiramente a suposta pauta da reunião com o presidente Barack Obama: ambiente, energias renováveis e combate ao efeito estufa.

    Ao noticiar o tema, Dilma assumiu o compromisso de reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030. Mas a presidente, provavelmente constrangida pelos malfeitos dos governos do PT, também na área de ambiente, não teve condições de se posicionar e expor os motivos de o Brasil se tornar referência em preservação. Tudo à custa do produtor rural, sem nenhum apoio do Estado. Ao contrário dos EUA, que pagam a seus agricultores exatamente o valor da receita que a área produz.

    No Brasil, a cultura é achacar o produtor. Os órgãos do governo responsáveis pelo ambiente nada produziram no sentido de educar e orientar, principalmente os pequenos e médios agricultores. Só jogaram a responsabilidade nas costas dos proprietários, com taxas e punições abusivas.

    A insensibilidade e o descaso do PT atingiram a produção de etanol, energia limpa e renovável, orgulho do país. É só voltar à crise do petróleo, iniciada em 1973. O preço do barril, em valores atualizados para 2014, saltou de US$ 17 para US$ 92, em 1980. Como reação, o governo, em 1975, lançou o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, que se tornou então referência mundial.

    O PT rasgou aquele compromisso histórico com o ambiente. Manobrou a opinião pública, levando parte da população a acreditar que o acesso a veículos, fruto do endividamento familiar, substituiria qualquer outro transporte digno e menos poluente. Hoje, os brasileiros endividados sabem que foram enganados. A gasolina encareceu, o poder de compra dos salários caiu, o desemprego aumentou e os centros urbanos continuam sem alternativa para o transporte público. O governo do PT enganou e poluiu o Brasil.

    Todos os malfeitos e irresponsabilidades foram praticados pelo governo do PT, que implantou a gestão mais corrupta da história da Petrobras. Isso constrangeu o brasileiro, que sempre teve orgulho da empresa. Dilma e Lula transformaram a Petrobras na empresa de capital aberto mais endividada do mundo.

    Se não bastasse isso, de olho na reeleição, Dilma passou a controlar o preço dos combustíveis, punindo as usinas de açúcar, álcool e energia. A vinculação com o preço congelado da gasolina fez com que chegássemos a uma triste realidade: 80 usinas fechadas, 67 em recuperação judicial e, das 355 em operação, a previsão é de fechamento de mais 10 no centro-sul e em igual número no Nordeste. Ainda neste ano.

    Já os americanos, sem clima propício para a cana de açúcar, utilizam o milho para fazer o etanol. Mesmo com uma produção mais cara e menos rentável, produziram 51,7 milhões de litros no ano passado, enquanto o Brasil atingiu 27,5 milhões de litros no mesmo período.

    O mal que o governo petista causou ao ambiente é irreparável. Apenas o uso do etanol e da bioeletricidade seria suficiente para posicionar o país acima da média mundial em energias limpas e renováveis, que hoje é de 13,2%. Dilma não pôde olhar nos olhos de Obama e pedir que encabeçasse um movimento nos países mais ricos e poluidores para nos recompensar com a cobrança de uma taxa calculada pela emissão de CO. E muito menos desafiá-lo a implantar um código florestal próximo ao nosso.

    Por esses e mais 1 milhão de outros motivos é que o brasileiro NÃO CONFIA no PT, em Lula e muito menos em Dilma.

    ronaldo caiado

    É senador pelo DEM-GO.
    Escreve aos sábados,
    a cada duas semanas.

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