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    Ronaldo Lemos

    Ficção feita por fãs vira negócio para a Amazon

    03/06/2013 03h00

    Todo mundo já sabe. Os livros da trilogia "Cinquenta Tons" foram escritos como fanfiction da série "Crepúsculo". A autora E. L. James redigiu a trama na internet a partir do universo criado pela escritora Stephenie Meyer, tratando dos recatados vampiros Bella e Edward.

    Com o sucesso na rede, James mudou o nome dos personagens e a série vendeu 70 milhões de livros, aumentando em 75% o lucro da editora Random House em 2012.

    Esse acidente vira agora modelo de negócios oficial para a Amazon. Na semana passada a empresa anunciou o serviço Kindle Worlds, que transforma a fanfiction em atividade profissional.

    Funciona assim: a Amazon está adquirindo direitos não apenas sobre livros em si, mas também sobre seus universos ficcionais, como as séries "Gossip Girl" e "The Vampire Diaries".

    Quem entrar no Kindle Worlds pode escrever tramas baseadas nesses universos, mudando o destino dos personagens e criando novas possibilidades.

    Se a narrativa vender, a Amazon paga 35% do valor para o fã que fez o texto e um valor não revelado para o autor original do universo. É uma aposta que enxerga a criação literária como processo coletivo.

    O problema é a pasteurização da fanfiction. As diretrizes da Amazon vedam conteúdo "ofensivo" ou "pornográfico" e a mistura de universos ficcionais diferentes.

    Considerando que essa é a essência da fanfiction (como demonstra "Cinquenta Tons"), autores mais ousados vão permanecer nos fóruns underground. Em todo caso, a Amazon dá mais uma sacudida no mercado literário.

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    ronaldo lemos

    É advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITSrio.org). Mestre em direito por Harvard. Pesquisador e representante do MIT Media Lab no Brasil. Escreve às segundas.

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