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    Ronaldo Lemos

    Funk ostentação virou música de protesto

    30/12/2013 03h30

    O Google soltou sua já "tradicional" lista de termos mais buscados durante o ano.

    Na lista das celebridades, o primeiro lugar ficou com o MC Daleste, que venceu Anitta e Nanda Costa. Daleste foi também o quinto termo mais pesquisado em toda a rede brasileira no ranking geral.

    É uma pena que essa seja uma história triste. Daleste morreu em julho de 2013, assassinado enquanto se apresentava, ao vivo, com um tiro disparado por atirador de elite.

    A cobertura da sua morte não foi das melhores. Com notáveis exceções, ficou circunscrita ao noticiário policial. No entanto, sua liderança na rede é reveladora. Ele havia se tornado um dos artistas mais populares do país, apesar da pouca presença na mídia "tradicional". Falava para uma geração periférica, em busca de afirmação. O funk ostentação, do qual Daleste fez parte, está se convertendo em trilha sonora de protesto pró-igualdade.

    Não é por acaso que sua música "Deixa eu Ir" -que fala de maconha- foi entoada como hino no primeiro "rolezinho" a chamar a atenção em um shopping em São Paulo.

    Os rolezinhos são ponta-de-lança de um movimento difuso, criativo e anticlichê, que inventa novos modos de protesto. Funda-se na vontade de participar do espaço público (e da cidade) do mesmo jeito que a internet permitiu participar do espaço simbólico. Vale lembrar que os rolezinhos são organizados pela rede, tal como as manifestações de junho.

    A esfera pública do Brasil mudou por causa da internet, como mostra Daleste no topo das buscas. Agora a cidade quer se reconfigurar também.

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    JÁ ERA
    retrospectiva do ano só em revistas e na TV

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    fazer a retrospectiva pessoal do ano no Instagram

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    fazer a retrospectiva do ano com base nos seus e-mails, com o ToutApp

    ronaldo lemos

    É advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITSrio.org). Mestre em direito por Harvard. Pesquisador e representante do MIT Media Lab no Brasil. Escreve às segundas.

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