• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 21:23:25 -03
    Ronaldo Lemos

    O mundo em rede na Paraíba

    16/11/2015 02h11

    Na semana passada aconteceu em João Pessoa o Fórum de Governança da Internet (IGF - Internet Governance Forum), evento da ONU que é um dos epicentros globais para a discussão do futuro da rede.

    Faz sentido que o evento tenha sido feito na Paraíba. O Estado tem se mostrado um polo para o pensamento e a prática da inovação. Além do IGF, no ano passado foi lá que aconteceu a Robocup. Trata-se do campeonato de robótica que roda o mundo com um ambicioso objetivo: desenvolver um time de robôs autônomos capazes de jogar futebol tão bem que seja capaz de ganhar do time humano vencedor da Copa do Mundo, nas mesmas regras da Fifa. É esperar para ver.

    Outro destaque é a Universidade Federal de Campina Grande, apontada internacionalmente como centro de inovação e sede de uma das melhores escolas de ciência da computação do país.

    Por isso, não soava nada estranho ver gente como Vint Cerf, inventor do protocolo TCP/IP e vice-presidente do Google, andando por João Pessoa. Ou a presença de Fadi Chehadé, presidente da Icann, entidade que controla o sistema mundial de endereçamentos da rede. E a visita de Stefano Rodotá, jurista, ex-deputado na Itália, considerado uma autoridade sobre o tema da privacidade. Todos circulavam desenvoltos, enquanto degustavam acepipes como manguzá ou o bolo baeta.

    No IGF, ficou claro que o Brasil ainda detém boa parte do seu prestígio com relação à política global da internet. Poucas pessoas se dão conta, mas o Brasil tem exercido liderança nessa área.

    Há três razões para isso. A primeira é a existência do CGI.br (Comitê Gestor da Internet). Trata-se do órgão criado em 1995 (e consolidado em 2003) que integra diversas iniciativas sobre a rede no Brasil, coordenando seus endereços e outras funções técnicas. O órgão celebrou seus 20 anos durante o IGF e recebeu elogios sobre a forma como é estruturado.

    A outra razão para a influência brasileira é a aprovação do Marco Civil da Internet, que estabeleceu uma carta de direitos para a rede em nosso país. Um dos principais eventos do IGF foi o anúncio de que a Itália aprovou há duas semanas uma carta de direitos inspirada no modelo brasileiro (daí a visita de Stefano Rodotá, acompanhado de vários deputados). A Itália quer advogar para que toda a Europa siga os mesmos passos.

    A terceira iniciativa que colocou o Brasil no alto da política global da internet foi o NetMundial, evento realizado em 2014 em São Paulo que tinha como propósito discutir a governança da internet. Se o Marco Civil e o Comitê Gestor são conquistas claras e permanentes, o NetMundial é o que tem o legado mais incerto. De qualquer forma, o sucesso do IGF mostra que, se quiser, o país pode continuar exercendo liderança nesse campo tão importante.

    JÁ ERA - ausência de vozes femininas nas mídias

    JÁ É - vozes de todas as assistentes virtuais (Siri, Cortana etc.) sendo femininas

    JÁ VEM - possibilidade de customizar o sexo das vozes de assistentes virtuais para masculino, feminino ou neutro

    ronaldo lemos

    É advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITSrio.org). Mestre em direito por Harvard. Pesquisador e representante do MIT Media Lab no Brasil. Escreve às segundas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024