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    Rosely Sayão

    Incentivar criança a dar presentes pode ajudá-la a sentir-se valorizada

    15/11/2016 02h00

    Muitos pais já estão providenciando os presentes de Natal dos filhos e da família. Por isso, caro leitor, peço licença para antecipar o tema. Ao fim de nossa conversa de hoje você irá entender o meu motivo.

    Não há criança ou adolescente que não deseje e/ou espere receber presentes no Natal. Alguns fazem aquela malfadada lista de pedidos –que considero encomenda– e outros dão indiretas ou dizem claramente o que gostariam de ganhar.

    Mas você já percebeu, caro leitor, que eles dificilmente pensam também em dar presentes? É disso que quero tratar hoje: da troca de presentes entre pais e filhos, e destes com os irmãos.

    O único grupo ao qual pertencemos a vida toda é a família. E o vínculo familiar entre os integrantes do grupo deve ser construído e mantido continuamente para que permaneça forte por todo esse tempo. É por isso que precisamos dirigir toda nossa atenção ao grupo familiar, e que precisamos ensinar isso aos filhos desde cedo.

    Vivemos num tempo em que os filhos costumam ser colocados no papel central da família, mas nem sempre no sentido da importância deles, e sim no sentido de que é em função deles que gravitam os pais. Levar aos filhos a ideia de presentear seus pais, irmãos e parentes pode ser uma maneira de dizer a eles que ser filho não significa apenas receber, mas também retribuir, trocar. Mas não se apresse: não se trata de dar-lhes dinheiro para que comprem algo!

    Tive uma conversa com uma garota de nove anos. Ela me contava o que esperava ganhar de Natal quando lhe perguntei que presentes ela iria dar. Ela me olhou com uma cara espantada e me disse que não trabalhava, por isso não tinha como dar presentes.

    Contei a ela que presente não precisa ser comprado, que pode ser feito pela pessoa, e fiquei realmente surpresa com a reação dela. Sua expressão facial demonstrou uma alegria entusiasmada e passou a ter muitas ideias sobre o que fazer para dar à mãe e ao pai. Depois, perguntei a ela sobre o irmão, que é dois anos mais novo e com quem ela implica constantemente. Aí foi mais difícil, não surgia ideia alguma, até que eu perguntei se ela não poderia ensinar algo que ele quisesse muito. Com o olhar iluminado, disse: "Já sei! Vou ensiná-lo a andar de bicicleta e ainda vou deixar que ele usa a minha!".

    Fiquei imaginando quantas crianças poderiam ter a oportunidade de se dedicar à família fazendo presentes de Natal. Pode ser um livro de histórias, um álbum com fotos –as crianças nos surpreendem com seu olhar sobre cenas de sua família através das lentes– alguma comida –muitas adoram cozinhar–, um artesanato, vídeo, qualquer coisa semelhante.

    O mais importante desse incentivo é o fato de a criança se sentir importante ao realizar algo e receber de volta o reconhecimento de sua empreitada e de seu lugar na família. E sei que isso vai ocorrer com a maioria das crianças por um motivo: ao despedir-se de mim, a garota com quem conversei me deu um abraço caloroso e me disse: "Valeu pela sua ideia, adorei!"

    Que tal levar essa sugestão aos seus filhos? A mãe pode colaborar com o presente do pai, este com o destinado à mãe, os dois com algum mimo para os irmãos e avós, e assim por diante. O planejamento cuidadoso, a realização dele, enfim, o processo todo pode ser um belo presente para pais e filhos!

    rosely sayão

    Escreveu até julho de 2017

    Psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia a dia dessa relação.

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