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    Rosely Sayão

    No novo ano, vamos refletir sobre como ouvir mais e melhor as crianças

    27/12/2016 02h00

    Keiny Andrade/Folhapress
    Bento Canuto Monteiro com os pais, Natasha e Bruno Canuto Monteiro, que teve complicações no parto, foi asfixiado e, para se recuperar, teve de passar por um processo de refrigeração do organismo. Hoje o bebê está bem, aparentemente sem sequelas.
    Bento com seus pais, Natasha e Bruno

    O ano foi difícil em vários aspectos e a maioria deles afetou a vida pessoal de cada um de nós. Chegamos aos últimos dias querendo que o ano termine logo –como se um novo ano pudesse resolver a maioria dos problemas que enfrentamos!

    O fato é que estamos estressados, exaustos, pressionados, frustrados etc., e queremos começar uma nova etapa.

    Se para nós o ano foi difícil, para as crianças não foi diferente. Lidar com um mundo hostil, com o cansaço e o desânimo de muitos pais e com a braveza exagerada e a falta de paciência que isso provoca não deve ter sido fácil para elas!

    Muitas adoeceram, não conseguiram colocar em ato o potencial que têm para aprender, arrumaram confusões desnecessárias com pais, educadores e pares, transgrediram sem motivos etc.

    Então, caro leitor, hoje convido você a refletir sobre algumas mudanças para melhorar a vida de nossas crianças. Esse convite eu envio a todos os adultos, tenham eles ou não filhos, sobrinhos e/ou netos, alunos. Todos nós, integrantes da sociedade, temos responsabilidades em relação aos mais novos.

    Precisamos ter muito mais paciência com eles, porque exigem muito de nós, e temos a responsabilidade de estar disponíveis para eles, não apenas nos bons momentos, mas principalmente nos episódios que nos fazem ver a criança e o adolescente reais, que são como eles são e não como queríamos que fossem.

    Em muitos momentos iremos enfrentar a teimosia, a desobediência e a rebeldia, o confronto direto e muitas vezes agressivo na convivência com eles. Por isso, paciência é fundamental: nos permite atuar com mais foco nas questões que eles nos apresentam e não em nossos sentimentos e decepções.

    Precisamos agir mais quando eles nos solicitam e não apenas falar, falar, falar, e esperar que nossos comandos e nossos discursos tenham efeito de decretos a serem cumpridos por eles.

    É que eles entendem muito bem, no sentido da compreensão cognitiva, as ideias e as ordens que dirigimos a eles. Sem nossa ação em parceria com nossas palavras, porém, nada acontece!

    Falar para uma criança que ela não deve fazer determinada coisa não funciona tanto quanto falar e impedir que ela faça. Apenas orientar um adolescente também não funciona tanto quanto se, com a orientação, houver a tutela dos pais e/ou professores, mesmo que discreta.

    Precisamos colocar em prática os sentimentos que temos pelos filhos, e não apenas fazer declarações de amor a eles. E se existe uma prática extremamente amorosa, é a escuta ativa e paciente do que eles expressam –não apenas do que eles falam, mas também e principalmente do que eles não conseguem falar diretamente e por isso representam, dizem nas entrelinhas, usam personagens para narrar o que ocorre com eles.

    Se uma garota disser que tem uma amiga grávida, pode ser que ela precise saber o que os pais fariam caso isso ocorresse com ela; se um jovem diz que um amigo usa drogas e passa mal, ele pode querer ter informações sobre o assunto para ele mesmo.

    Precisamos lembrar, todos os dias, que o amor que sentimos por nossas crianças e adolescentes precisa ser menos falado e mais atuado. Eles necessitam saber, por nossas atitudes, que são prioridade em nossas vidas.
    Meus votos para um ano melhor para cada um de nós e, principalmente, para nossas crianças!

    A todos, desejo um ótimo início de nova jornada. Saúde e coragem!

    rosely sayão

    Escreveu até julho de 2017

    Psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia a dia dessa relação.

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