RIO DE JANEIRO - Uma empresa de fundos de participação sediada em Seattle, nos EUA, chamada Privateer Holdings, acaba de anunciar o lançamento da primeira marca oficial de maconha a ser comercializada nos Estados americanos e nos países que autorizem seu consumo. Trata-se da Marley Natural, em homenagem ao cantor jamaicano Bob Marley (1945-1981), hoje mais associado à erva do que ao reggae. O produto começará a ser vendido no ano que vem.
Os titulares da holding fizeram um contrato de 30 anos com os herdeiros de Marley, durante os quais poderão não apenas produzir, embalar e vender os baseados e respectivos acessórios –sedas, isqueiros, cachimbos–, como também óleos, cremes, loções e outros concentrados à base de maconha. Poderão também assinar acordos de licenciamento com cultivadores e processadores que se habilitem ao uso da marca em qualquer parte do mundo –porque a Marley é uma "marca global".
Uma holding, como se sabe, é uma sociedade formada para administrar duas ou mais empresas com interesses convergentes e capacidades específicas. Varia somente a porcentagem de capital detida por cada uma, com a inevitável luta dos acionistas pelo poder. Da pérola na gravata à papada dupla sobre o colarinho engomado e ao tamanho de seus iates nos Hamptons, esses magnatas não diferem em nada dos barões dos bancos e das indústrias. E, no caso da Privateer, eles devem ser ainda mais temíveis, já que o cultivo da maconha é um agronegócio.
Esta é só a primeira grande empresa a entrar no ramo da maconha. Outras surgirão e, assim que o Brasil legalizar o uso da erva, você poderá comprá-la em qualquer botequim, talvez em maços de 20 unidades, com maior ou menor THC, sabor canela, menta ou tutti-frutti e em diversas milimetragens.
Os traficantes terão de se virar com a cocaína, o crack e o ecstasy.
É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
quartas, sextas e sábados.