RIO DE JANEIRO - Nesta quinta ( 23), um juiz deu ganho de causa a Robert Plant e Jimmy Page, cantor e compositor do extinto grupo Led Zeppelin, que estavam sendo processados por plágio por Michael Skidmore, advogado do falecido Randy Wolfe, do também defunto grupo Spirit. A acusação era a de que seu sucesso "Stairway to Heaven", que eles gravaram em 1971, era cópia de um tema intitulado "Taurus", que Wolfe gravou em 1967. Não era uma reclamação moral. Em 45 anos, "Stairway to Heaven" rendeu a Plant e Page US$ 58 milhões em direitos autorais. O advogado alegou que eles deviam aos herdeiros de Wolfe um bom naco desse dinheiro.
Para se defenderem, Plant e Page contrataram um musicólogo, Lawrence Ferrara, que, em audiência, apresentou ao piano seu argumento a favor dos dois roqueiros. Segundo ele, o trecho acusado de plágio é uma "progressão cromática conhecida há 300 anos", "um lugar-comum musical, que não pertence a ninguém".
E citou, como exemplos de outras canções que teriam usado essa progressão, as clássicas "My Funny Valentine" (1937), de Richard Rodgers e Lorenz Hart, "Insensatez" (1961), de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, "Michelle" (1965), de John Lennon e Paul McCartney, e "Music to Watch Girls By" (1966), de Bob Crewe.
Alguns sites trouxeram a linha melódica dessas canções. Por eles via-se que "Stairway to Heaven" e "Taurus" eram iguais, inclusive na simplicidade quase indigente de sua concepção – qualquer garoto com três meses de violão conseguiria compor aquilo. E nenhuma das duas lembrava nem remotamente as fabulosas canções citadas, as quais também não se pareciam entre si.
Plant e Page ganharam, mas os advogados de Rodgers e Hart, Tom e Vinicius, Lennon e McCartney e Bob Crewe deveriam processar o tal Ferrara — por ele ter comparado suas canções a um material tão chinfrim.
É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
quartas, sextas e sábados.