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    Ruy Castro

    Zika na Disney

    05/08/2016 02h00

    Joe Raedle/Getty Images/AFP
    MIAMI, FL - AUGUST 02: Carlos Varas, a Miami-Dade County mosquito control inspector, uses a Golden Eagle blower to spray pesticide to kill mosquitos in the Wynwood neighborhood as the county fights to control the Zika virus outbreak on August 2, 2016 in Miami, Florida. There is a reported 14 individuals who have been infected with the Zika virus by local mosquitoes. Joe Raedle/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
    Agente pulveriza área com registro de zika em Miami, nos Estados Unidos

    RIO DE JANEIRO - A capa da revista "The New Yorker" desta semana mostra um grupo de corredores numa pista de atletismo, fugindo de uma nuvem de mosquitos. É uma referência ao aedes aegypti, transmissor do vírus da zika, uma fixação de alguns atletas e jornalistas estrangeiros na Rio-2016.

    Em seus 91 anos de história, a "New Yorker" já publicou grandes capas, boa parte delas quando era dirigida por seu fundador, Harold Ross, e pelo sucessor deste, William Shawn. Ao aprovar o desenho para uma capa, eles não exigiam que fosse apenas bonito ou engraçado. Tinha de fazer sentido, também.

    A que está nas bancas não se enquadra nesta categoria, já que, como o COI, a OMS e outras instituições vêm repetindo há meses, o risco de contágio pela zika durante a Rio-2016 é quase zero. E nem se veem nuvens de mosquitos pela cidade. Diz-se até que, fugindo do nosso inverno, foram todos passar o verão na Flórida, Estado do sul dos EUA.

    Neste momento, por exemplo, há uma epidemia de zika em Miami. Só nos últimos dias foram registrados 14 novos casos de transmissão local do vírus, somando-se aos 381 já detectados este ano. Por transmissão local, entenda-se que são mosquitos autóctones, nascidos nos EUA e, provavelmente, eleitores de Donald Trump.

    Seria o caso de o COB exigir que os aviões americanos trazendo atletas, jornalistas e turistas embarcados em Miami fossem desinfetados antes de decolar para o Rio. E os brasileiros, recomendados a evitar contato sexual com eles durante os Jogos, já que, além do mosquito, o sexo também transmite o vírus.

    Da mesma forma, os turistas brasileiros fariam bem em se manter longe da Disney nos próximos meses — afinal, ela fica na Flórida, um reduto do aedes. E que tal uma capa da "Veja" mostrando Donald, Mickey, Pateta e o resto da quadrilha estapeando-se com mata-moscas?

    ruy castro

    É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
    quartas, sextas e sábados.

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