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    Ruy Castro

    20 ou 25 anos

    13/08/2016 01h00

    Ricardo Borges/Folhapress
    Rio de Janeiro, RJ, BRASIL. 03/08/ 2016; Turistas fazem fila para tirar foto nos Arcos Olimpicos na praia de Copacabana na tarde desta Terca-Feira(03).(Foto: Ricardo Borges/Folhapress) *** EXCLUSIVO FOLHA ***
    Turistas fazem fila para tirar foto nos Arcos Olímpicos, na praia de Copacabana, no Rio

    RIO DE JANEIRO - Há uma Rio-2016 sendo disputada à parte entre os colecionadores de souvenirs. Desde relógios oficiais com os anéis olímpicos em diamante até chinelos de dedo com o símbolo das Olimpíadas, passando por bonés, camisetas, bolas, bonecos, brinquedos, adesivos, pingentes, minitochas, não falta o que comprar para perpetuar os grandes dias que a cidade está vivendo. Há até, segundo me contaram, latas, tipo de sardinha, contendo o ar do Rio.

    Num evento como este tudo pode se tornar objeto de colecionador, digno de disputa em futuros leilões do gênero. Basta dar algum tempo, 20 ou 25 anos, para que os objetos envelheçam. Daí haver gente colecionando copos de papel com o logotipo das várias modalidades, guardanapos autografados por atletas e até, pelo que ouvi dizer, camisinhas usadas pelas estrelas, recolhidas pelas camareiras dos alojamentos.

    Também sou fã de souvenirs, mas só dos que já passaram pelo crivo do tempo. Vivo soterrado por material que, um dia, foi dado como efêmero e descartável, mas que, hoje, ganhou uma aura de história. Exemplos: um baralho do centenário da Independência, em 1922, com imagens do Rio no verso; um chaveiro da inauguração do Copacabana Palace, em 1923; um joguinho de xícara e pires da Panair; flâmulas de antigos carnavais cariocas, inclusive a do baile do Quitandinha em 1968, que cobri como repórter; montanhas de lápis e fósforos de propaganda; etc. etc.

    Alguns desses itens me custaram uma nota em leilões ou na mão de vendedores de antiguidades. Donde, se fosse esperto, eu começaria a catar desde já toda espécie de bagulho com o logo dos Jogos - como um investimento para os meus dias de velhice.

    O problema é que precisarei esperar 20 ou 25 anos para que eles ganhem a indispensável nobreza. E não sei se terei paciência para chegar até lá.

    ruy castro

    É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
    quartas, sextas e sábados.

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