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O presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), ambos citados em delação |
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Sunday, 19-May-2024 10:44:45 -03Ruy Castro
O país do puxadinho
14/12/2016 02h00
RIO DE JANEIRO - Entreouvido num quiosque de Ipanema. O vendedor de coco conta que sua mãe morreu e os herdeiros brigam pelo espólio — uma casa perto do Engenhão, com puxadinhos. Cada herdeiro se diz dono de um puxadinho, o qual quer passar nos cobres. Tudo sem registro, escritura ou documento. Há milhões de propriedades como essa no país. O Brasil é o país do puxadinho. E não só no quesito moradia.
A decisão do Supremo de permitir a Renan Calheiros continuar na presidência do Senado, mas sem direito a substituir o presidente da República, foi um puxadinho à lei. A decisão do Senado de impichar Dilma Rousseff, mas permitir que ela conservasse os direitos políticos, foi outro puxadinho. E — mais claro do que nunca — o próprio governo de Michel Temer é um puxadinho dos governos de Lula e Dilma.
Apenas entre os citados pelo delator Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, como campeões da extorsão e da propina, há vários ministros do atual governo que já serviram — e se serviram — dos dois lados. Eliseu Padilha, por exemplo, chefe da Casa Civil de Temer, foi ministro da Secretaria de Aviação Civil de Dilma (2014-15). Romero Jucá, ex-ministro do Planejamento de Temer (2016) e uma das potências da República, foi ministro da Previdência Social de Lula (2005).
Wellington Moreira Franco, secretário de um certo Programa de Parcerias e Investimentos criado por Temer, foi chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos de Dilma (2011-13) e da de Aviação Civil, também de Dilma (2013-14). Geddel Vieira Lima, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer, foi ministro da Integração Nacional de Lula (2007-2010).
Mas o maior puxadinho é, claro, o próprio Temer, ex-vice de Dilma durante cinco anos (2011-16) e, em duas eleições, seu colega numa chapa que — literalmente — já foi posta para esquentar.
É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
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