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    Ruy Castro

    A caminho do Guinness

    13/10/2017 02h00

    Ueslei Marcelino - 26.jun.2017/Folhapress
    FILE PHOTO: Brazilian President Michel Temer looks on during a credentials presentation ceremony for several new top diplomats at Planalto Palace in Brasilia, Brazil June 26, 2017. REUTERS/Ueslei Marcelino/File Picture ORG XMIT: UMS10
    O presidente Michel Temer

    RIO DE JANEIRO - Segundo as pesquisas, 3% do povo brasileiro consideram bom ou ótimo o governo Temer. Como esses dados têm 15 dias e, depois disso, Michel Temer já pisou em diversos tomates, é possível que o índice tenha se reduzido. A continuar assim, o coletivo de seus torcedores, como o de certos clubes de futebol, não demorará a caber numa Kombi. Ou constará de pessoas que, de tão poucas, ele conhecerá pelo nome e a quem perguntará pela patroa. E não será surpresa se Temer chegar ao fim do mandato com avaliação negativa e, por isso, verbete da próxima edição do Guinness.

    Enquanto o número de seus apoiadores ameaça romper —para baixo— o patamar do zero, aumenta o volume das acusações contra ele. Juízes, investigadores e até amigos com quem, ainda há pouco, ele confraternizava em horas mortas o chamam, sem a menor cerimônia, de chefe de organização criminosa. Como Temer é presidente da República e o cargo impõe certa liturgia, o normal seria que ele se ofendesse e levasse seus ofensores aos tribunais. Mas Temer não se ofende –emite uma negação pia, tíbia, protocolar, e sai assobiando no azul. O que ele menos quer pela frente é um tribunal, mesmo para defender-se. Contenta-se até se o total de seus amigos se reduzir ao mínimo de deputados que o livrem das denúncias nas instâncias da Câmara.

    Temer não se sente presidente do Brasil. Isso lhe quer dizer nada. O poder está em conhecer o preço de cada um no Congresso e usar o Tesouro segundo interesses bem definidos. Enquanto estiver sentado na cadeira e com a caneta na mão, não lhe faltará munição para garantir o status quo.

    O problema é como será no dia em que ele repassar a faixa, seja a quem for, e reingressar na atmosfera comum a todos nós, que não gozamos de foro privilegiado.

    Temer já podia ir se aconselhando com Lula.

    ruy castro

    É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
    quartas, sextas e sábados.

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