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    Ruy Castro

    Balas na agulha

    23/12/2017 02h00

    AP Photo/Courtesy Running Press
    ORG XMIT: 491101_1.tif O personagem Darth Vader em cena do filme "Star Wars - Episódio 2: O Império Contra-ataca" do diretor George Lucas. *** Darth Vader is shown in a scene from Lucasfilm's "Star Wars: Episode V, The Empire Strikes Back," in this undated promotional photo. Lucasfilm Ltd. and 20th Century Fox announced Tuesday, Feb. 10, 2004, that the original three "Star Wars" films will be released on DVD Sept. 21, 2004 in North America. (AP Photo/Lucasfilm, Ltd. & TM)
    Marilyn Monroe em cena do filme "O Pecado Mora ao Lado"

    RIO DE JANEIRO - Não estou dizendo que fosse melhor ou pior, mas, em certos aspectos, as coisas no passado eram mais definidas. Os artistas de cinema e os grandes estúdios de Hollywood, por exemplo. Em boa parte da primeira metade do século 20, todo mundo sabia que Judy Garland e Mickey Rooney eram "da Metro", Humphrey Bogart e Bette Davis, "da Warner", e Bing Crosby e Bob Hope, "da Paramount". Da mesma forma, Tyrone Power, Carmen Miranda, Henry Fonda, Gregory Peck e Marilyn Monroe eram "da Fox".

    E continuaram sendo, porque seus filmes sob essas bandeiras, alguns excepcionais, estão ao nosso alcance até hoje, por várias mídias. No caso da Fox, todos começam pelos holofotes que varrem o céu, ao som da fanfarra composta por Alfred Newman, sobre o monumento em que se lê "20th Century Fox".

    Não mais. Filmes como "A Marca do Zorro" (1940), com Power, "Entre a Loura e a Morena" (1943), com Carmen, "Paixão dos Fortes" (1946), com Fonda, "O Matador" (1950), com Peck, e "O Pecado Mora ao Lado" (1955), com Marilyn, pertencem agora à Disney, que na semana passada abocanhou a Fox por US$ 52,4 bilhões. Isso é mais dinheiro do que William Fox, fundador do estúdio, e Darryl F. Zanuck, que o consolidou, jamais sonharam que ele pudesse valer. É também muito mais do que Walt Disney, com todo o poder, algum dia viu passar sob seus bigodes.

    O prestígio e riqueza dessas marcas foram construídos ao longo de décadas por instituições como Shirley Temple e Betty Grable, da parte da Fox, e Mickey e Pluto, da parte da Disney. Eram pessoas e bonecos amados por milhões.

    Mas o dinheiro agora está nas plataformas, nas franquias, nas emissoras a cabo, no streaming, nos canais de notícias e esportes, nos blockbusters. A Disney tinha bala para comprar a Fox. Um dia, virá alguém e comprará a Disney.

    ruy castro

    É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
    quartas, sextas e sábados.

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