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    Samuel Pessôa

    Evolução do desemprego

    08/05/2016 02h00

    Na última década, a taxa de desemprego apresentou forte queda. De acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE, iniciada em março de 2002 e finda em fevereiro de 2016, a taxa de desemprego recuou de 11,7% em 2002 para 4,8% em 2014 e elevou-se para 7,1% em 2015. Todos esses dados são médias dos dados mensais ao longo do ano. Os dados para 2002 iniciaram-se em março.

    Aparentemente há, portanto, fortíssima queda de 6,9 pontos percentuais do desemprego no período petista até 2014.

    No entanto a queda do desemprego é muito menor do que se imagina. Os dados da PME referem-se ao desemprego médio nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil: Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife.

    Para todo o território nacional, temos a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), também do IBGE, que pesquisa 300 mil domicílios em todo o território nacional no mês de setembro.

    A queda da taxa de desemprego medida pela Pnad naquele mesmo período é bem menos expressiva. De 9,1% em 2002 para 6,2% em 2012. Pela Pnad, o desemprego em 2013 e 2014 aumenta para, respectivamente, 6,5% e 6,9%.

    Assim, considerando o mínimo medido pela Pnad, em 2012, a queda máxima no petismo foi de 2,9 pontos percentuais (basta subtrair 6,2 de 9,1), menos da metade da queda de desemprego de 6,9 pontos percentuais que houve para o mesmo período se considerarmos as regiões metropolitanas.

    Ou seja, o desemprego no final do governo Fernando Henrique Cardoso era um fenômeno essencialmente metropolitano. O desemprego no resto do país não era tão elevado.

    Sob esse ponto de vista, as taxas previstas de desemprego para o final do ano e para 2017, por volta de 12%-13%, serão as mais elevadas que observaremos em nossa história.

    De fato, dos anos 1980 até 1990, a Pnad registra taxas bem menores, em torno de 3,7%. Com a abertura da economia com Collor, o desemprego sobe para 6% e, no primeiro mandato de FHC, para 9% em 1998 e 9,6% em 1999, o máximo valor da série, que veio em seguida à alteração do regime cambial. Como vimos, de 1999 até 2012 cai para 6,2%.

    Toda essa chatice de números é para mostrar ao leitor que o desemprego que já estamos enfrentando e, que, provavelmente, enfrentaremos até o final de 2017 é "nunca antes visto na história deste país". E, adicionalmente, argumentar que a queda do desemprego no período petista foi muito menor do que se imagina.

    PRODUTIVIDADE

    Na noite de sábado da semana retrasada, tomei um táxi. Sentei no banco de trás e procurei a fivela do cinto de segurança. Não estava lá. Após avisar o motorista, este, muito a contragosto, parou para resgatá-la debaixo do banco (em geral faço isso, mas dessa vez estava bem difícil).

    O carro reiniciou seu movimento. Quando puxei a cinta, ela estava presa entre o encosto e a trava do banco. Nova parada, aumenta o mau humor do motorista. Ele baixa o encosto do banco, libera a cinta e voltamos a rodar.

    Quando tento prender o cinto, a fivela não trava. O motorista havia soltado da parte de baixo do banco a fivela errada. Desisti. Após duas paradas, e enorme mau humor do motorista, trafeguei sem cinto. Infelizmente a experiência não é episódica.

    samuel pessôa

    É físico com doutorado em economia, ambos pela USP, sócio da consultoria Reliance e pesquisador associado do Ibre-FGV. Escreve aos domingos.

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