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    Sérgio Dávila

    A revolução dos bichos

    06/01/2013 03h00

    DE SÃO PAULO - Ganha força no Senado dos EUA um projeto de lei que proíbe o governo de ser dono de chimpanzés para testes. Até agora, 113 dos 500 primatas federais já foram removidos para um santuário na Flórida. O próximo alvo serão os laboratórios, depois os zoológicos.

    Parece começo de filme, a que já assistimos algumas vezes.

    Uma das marcas do século 20 foi a consolidação dos direitos da criança, que tem como marco internacional a declaração da ONU de 1959 e, no Brasil, a instituição, em 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A segunda década do século 21 aponta que chegou a vez dos direitos dos animais -os irracionais.

    O princípio foram as baleias, em uma das campanhas publicitárias mais bem-sucedidas da história. Quem, ainda no século das crianças, não grudou adesivo com o slogan em inglês que urgia que elas fossem salvas ("Save the whales") é porque não tinha carro ou não conseguiu o adesivo.

    Depois, foi a vez dos gorilas, das ararinhas-azuis, dos vira-latas urbanos, dos bichos de fazenda criados confinados e, agora, dos chimpanzés. O problema não é a causa, justificável, mas alguns de seus protagonistas, ora infectados pelo politicamente correto, ora pelo simples ridículo.

    No primeiro caso está o filósofo Peter Singer, da Universidade de Princeton (EUA), que defende que é mais ético ser vegetariano que onívoro. No segundo, aparecem os autoproclamados "abolicionistas", que pregam o fim do direito de propriedade dos humanos sobre os animais.

    Um deles é Gary Francione, professor da Universidade Rutgers (EUA), para quem "nunca aboliremos a escravidão animal enquanto promovermos exploração regulamentada".

    Ovos de galinha caipira seriam um exemplo de exploração regulamentada -diferentemente de suas colegas de granjas industriais, a ave não está numa gaiola. Mas também não é "livre".

    O que quererá uma galinha livre? Visitar a Flórida?

    sérgio dávila

    É editor-executivo da Folha. Foi correspondente nos EUA, onde cobriu o 11 de Setembro e a eleição de Barack Obama. Foi o único repórter brasileiro no início da Guerra do Iraque.

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