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    Sérgio Malbergier

    Palestinos festejam derrotas

    29/11/2012 07h00

    A aprovação da Palestina como Estado observador pela Assembleia Geral da ONU será comemorada como grande vitória pelos palestinos, assim como eles comemoraram a última troca de bombardeios entre Hamas e Israel que deixou 162 palestinos e 6 israelenses mortos e uma montanha de destroços em Gaza.

    Enquanto os palestinos (e seus condescendentes apoiadores) não entenderem que seu Estado só virá atuando com Israel, não contra o país, eles seguirão comemorando derrotas, inebriados pelo ódio que transforma qualquer golpe contra o inimigo em vitória, mesmo que o contragolpe seja demolidor.

    O conflito no Oriente Médio é muito mais complexo do que maniqueísmos e manipulações correntes. Não existe um conflito entre palestinos e israelenses, mas um conflito entre os moderados dos dois lados que querem a paz e os radicais dos dois lados que querem a guerra. Obviamente, os radicais estão ganhando.

    Dentro dessa equação, a votação na ONU pode reforçar o lado moderado palestino, pois a iniciativa foi patrocinada pelo presidente da Autoridade Palestina, o moderado Mahmoud Abbas, que governa a Cisjordânia, em detrimento dos radicais islâmicos do Hamas, que governam Gaza.

    Se, com esse reforço internacional, Abbas retomar as negociações com Israel, a votação terá tido consequências positivas.

    Mas se os palestinos usarem o recém-conquistado status na ONU como nova base de ataques a Israel, terá perdido mais uma de muitas oportunidades históricas.

    A ação na ONU ocorre 65 anos depois que a mesma Assembleia Geral aprovou a criação de dois Estados, Israel e Palestina. Israel celebrou a partilha, enquanto os palestinos e os países árabes a rejeitaram. Ao invés de estabelecerem seu Estado em Cisjordânia e Gaza, no dia da saída dos britânicos da Palestina, em 1948, eles declararam guerra ao nascente Estado judeu.

    Apesar do sangrento conflito, Israel tem hoje um dos maiores índices de desenvolvimento do mundo segundo ranking da própria ONU. Já os palestinos seguem destituídos, oprimidos, ocupados, apontando sempre o dedo e as armas que têm contra os vizinhos com quem estão destinados a conviver.

    Quanto mais Israel se sentir ameaçado por palestinos, árabes, iranianos, radicais islâmicos e essa onda global de antissionismo com cheiro de antissemitismo, menos o país estará disposto a comprometer sua segurança em troca de uma tão ansiada quanto elusiva paz.

    O ódio disseminado e irracional a Israel só prejudica os interesses palestinos.

    Viva a tolerância. Não viva o ódio.

    sérgio malbergier

    Escreveu até abril de 2016

    É consultor de comunicação. Foi editor de "Dinheiro" e "Mundo".

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