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    Sérgio Malbergier

    A melhor defesa será o ataque

    17/04/2014 07h30

    O grito de "vamos pra cima" de Lula à militância governista lembra o famoso "let's roll" que seu amigo George W. Bush usou para animar os americanos depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.

    "Não podemos prever todas as consequências dessa batalha, mas sabemos que nossa causa é justa e nossa vitória final, garantida. Enfrentaremos novos desafios, mas já temos nossas ordens de marcha. Meus caros americanos, vamos pra cima", disse Bush em célebre discurso após os atentados _o "vamos pra cima", uma referência às últimas palavras de um dos passageiros do voo 93 da United Airlines que se rebelaram contra os terroristas da Al Qaeda e fizeram o avião cair num campo da Pensilvânia antes de atingir seu alvo.

    O PT saiu da zona de conforto e foi buscar o Pelé no banco de reservas diante de um cenário hoje completamente diferente do que era o país quatro anos atrás.

    "Popularidade de Lula bate recorde" foi a manchete desta Folha em 28 de março de 2010. A economia crescia mais de 7% ao ano, havia um sentimento de ordem e progresso, e o governo do petista era aprovado por 76% da população. Mesmo assim, Dilma ainda era relativamente desconhecida da população, e o tucano José Serra abria 9 pontos de vantagem na pesquisa eleitoral.

    Quatro anos depois, o país é outro. O intervencionismo de Dilma matou o momento mágico. O país cresce a 2%. O governo e o PT culparão todos os outros por isso, como dizem que protegerão a Petrobras. Mas a população não está comprando. Só 36% aprovam o governo Dilma, e 72% querem que as ações do próximo presidente sejam diferentes, aponta o Datafolha.

    As manifestações do ano passado já haviam mostrado que o discurso ufanista oficial não se sustenta mais. Lula por isso quer fazer a comparação do Brasil de hoje com o Brasil de antes de Lula. O problema é que muitos eleitores podem preferir comparar Dilma com Lula ou Dilma com os candidatos da oposição.

    O PT, por definição, tornou-se reacionário. Tem que defender o que está aí. E a melhor defesa, indica Lula, será o ataque.

    sérgio malbergier

    Escreveu até abril de 2016

    É consultor de comunicação. Foi editor de "Dinheiro" e "Mundo".

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