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    Sérgio Malbergier

    PMDB cresce no espaço entre Dilma e PT

    07/05/2015 08h30

    O divórcio entre o governo de Dilma e o PT de Lula fica cada vez mais nítido. O que não está claro é se o movimento é combinado e onde ele vai dar. Por enquanto, dá no PMDB.

    Lula decidiu que, para sobreviver, o PT deve recuar às suas bases históricas –ou encontra solo firme ou o tsunami pode levar o partido embora.

    Será uma travessia difícil. Seu programa de TV nesta semana, recebido a paneladas Brasil afora, deixou claro que o partido não tem o que falar diante dos escândalos de corrupção e da recessão causada por Dilma. Até Lula está perdendo a mágica com discurso tão descolado da realidade.

    Dilma, por sua vez, está paralisada pelo fracasso e pelo medo dos protestos, o que, dado o saldo de seu primeiro mandato, é até um alívio.

    A única coisa acontecendo hoje no governo é o ajuste fiscal do doutor Levy, que bate de frente com a guinada esquerdista do PT, mina ainda mais o discurso do partido e o afasta mais ainda de Dilma.

    Nesse encolhimento petista e governista, o PMDB cresce e conduz a nação.

    Ontem, na Câmara dos Deputados, exigiu que o PT fechasse questão a favor do ajuste econômico que reduziu direitos trabalhistas (não porque seus proponentes sejam malvados e mesquinhos, mas porque a União não tem recursos para pagá-los). De quebra, aprovou lei que tirou de Dilma e do PT a nomeação de cinco ministros do STF.

    O PMDB se gaba de ser o partido que garantiu a estabilidade política no pós-ditadura. De fato, o Congresso brasileiro foi produtivo e efetivo ao formar coalizões estáveis e aprovar legislações importantes graças ao governismo atávico do PMDB.

    Agora, com o PT e o governo nas cordas, e a oposição tucana mantendo o padrão de inconsistência, feras (feridas) da política como Eduardo Cunha e Renan Calheiros preenchem o vácuo em linha com Michel Temer, o Richelieu do Planalto.

    É um arranjo novo, circunstancial e vulnerável às investigações do petrolão, que têm Cunha, Renan e outros caciques do PMDB na mira.

    Mas está funcionando e não tem nada para pôr no lugar.

    sérgio malbergier

    Escreveu até abril de 2016

    É consultor de comunicação. Foi editor de "Dinheiro" e "Mundo".

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