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    Sérgio Malbergier

    EUA finalmente ganham a Guerra do Vietnã

    12/11/2015 09h18

    A Guerra do Vietnã marcou a segunda metade do século 20 como símbolo da luta globalizada entre o capitalismo e o comunismo. As imagens dos americanos fugindo de Saigon ao final do conflito são celebradas desde então pela esquerda mundial ou o que sobrou dela.

    Quatro décadas depois, o Vietnã segue governado pelo Partido Comunista, o que como sempre significa autoritarismo, violações aos direitos humanos e opressão dos trabalhadores.

    Mas os americanos estão voltando para socorrê-los. Não mais com tropas, e sim com acordos comerciais dentro do Tratado Transpacífico.

    Graças a esses acordos, pela primeira vez a classe operária vietnamita poderá ter direitos básicos como livre associação sindical e direito a greve por melhores condições de trabalho e salários. Estipulam ainda que os trabalhadores vietnamitas sejam esclarecidos sobre as novas regras e que os EUA possam fiscalizar o seu cumprimento.

    Os americanos não estão fazendo isso (só) porque são bonzinhos. Há muita oposição nos EUA, principalmente entre democratas protecionistas, a tratados que abram o mercado americano a países onde os trabalhadores não têm direitos, configurando competição injusta e desumana.

    É a globalização americana, propagando o modo de vida capitalista, que tem muitos defeitos, mas é um processo aberto e em evolução e certamente supera todas as outras opções disponíveis.

    EUA e China, as duas maiores economias do mundo, competem hoje pelos mercados globais numa disputa que, desde o fracasso da rodada global de liberalização do comércio no âmbito da OMC, é cada vez mais realizada por meio de tratados comerciais bilaterais ou regionais.

    E enquanto Washington busca inserir nesses acordos medidas de proteção aos trabalhadores, ao meio ambiente e aos direitos humanos, a prioridade de Pequim é garantir mercados a qualquer custo, ou ao mais baixo custo.

    Aliás, a China comunista é certamente o país onde mais se explora o proletariado, que lá não tem direitos trabalhistas, enfrenta jornadas desumanas e recebe salários mínimos. E essa exploração não é imposta por nenhum barão capitalista, mas pelos mandarins do Partido Comunista chinês.

    Depois da crise global de 2008 que abalou as economias mais desenvolvidas e mais capitalistas, como EUA e Reino Unido, muito se falou da emergência do capitalismo de Estado como praticado na China, na Rússia e no Brasil pós-crise.

    Mas a euforia durou pouco. Justamente pelos excessos e equívocos inevitáveis do intervencionismo estatal, e da corrupção que ele fomenta, a China hoje passa por redução drástica de seu crescimento, enquanto Brasil e Rússia enfrentam crises econômicas gravíssimas e recessão. Já EUA e Reino Unido, que apertaram o cinto e adotaram medidas de austeridade fiscal, voltam a crescer de forma vigorosa e mais sustentável.

    Depois do colapso humilhante da União Soviética e do bloco comunista europeu, o estatismo econômico voltou como farsa na sequencia da crise do capitalismo hiperfinanceiro. Mas durou pouco. Só o capitalismo salva. Como o trabalhador vietnamita finalmente saberá.

    sérgio malbergier

    Escreveu até abril de 2016

    É consultor de comunicação. Foi editor de "Dinheiro" e "Mundo".

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