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    Sérgio Malbergier

    Ao governo só restou a porta dos fundos

    07/04/2016 11h43

    Por mais que o governo abuse de sua enorme máquina, por mais que a esquerda cega e surda, mas nada muda, reverbere seus argumentos estapafúrdios, por mais que Lula esteja trabalhando loucamente nas famosas suítes de hotel de Brasília, por mais que gritem obsessivamente golpe, o rugido das ruas é maior.

    É o novo ativismo da sociedade civil do século 21, organizada em redes sociais, empresariais e profissionais, que garante o avanço do impeachment e da Lava Jato.

    Encastelados no Palácio do Planalto e em outros encraves esquerdistas, bajulados por pequeno punhado de artistas e intelectuais que quase todos os dias lançam manifestos diferentes apoiados pelos mesmos signatários, os governistas se negam a admitir o que se passa no país.

    Reacionários, acham que estamos em 1964. Quase todos os outros acham que estamos diante de uma oportunidade revolucionária de enfrentar a corrupção epidêmica e o desgoverno que travam o Brasil e condenam milhões à pobreza.

    Apanhados no maior escândalo de corrupção da história brasileira, governistas e simpatizantes esperneiam pelo direito adquirido de delinquir já que a corrupção sempre dominou nossa política. Querem nos condenar à corrupção eterna, desde que de esquerda.

    Para se manter no poder, o governo Lula-Dilma negocia justamente com os partidos e os políticos mais suspeitos. Como se fosse possível se colocar contra a corrupção e ao mesmo tempo entregar o que se está prometendo na suíte de Lula em Brasília.

    E nada mais revelador da fraqueza do governo Dilma, do PT e sobretudo de Lula que o próprio ex-presidente, que um dia foi gigante, esteja mergulhado no baixo clero e na nanicolândia comandando voto a voto a luta contra o impeachment. José Dirceu faz falta.

    O PT ver no PP -o partido de direita herdeiro da Arena e com a maior bancada de investigados por corrupção no Congresso- seu salvador e grande aliado prova que, em caso de sobrevivência, nada mudará (para melhor) na política brasileira.

    E se na política a receita petista para escapar do impeachment é muito mais do mesmo, na economia há fartas evidências tão aterrorizantes quanto, como mostra a frustrada tentativa populista da presidente Dilma de reduzir o preço da gasolina no momento em que a Petrobras luta para não quebrar.

    E como reconciliar o país depois de Dilma, exilada no Palácio com movimentos sindicais e sociais pelegos, atacar a imensa maioria de brasileiros que apoiam o fim da impunidade e o impeachment como previsto na Constituição?

    Se sobreviverem, Lula e Dilma terão enorme parte do Brasil contra eles. Se caírem com o impeachment e a Lava Jato, ameaçam prejudicar ainda mais o país.

    Para eles, e para a esquerda que os apoia, só restou a porta dos fundos.

    sérgio malbergier

    Escreveu até abril de 2016

    É consultor de comunicação. Foi editor de "Dinheiro" e "Mundo".

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