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    Silvia Corrêa

    Muito além do zoológico

    29/03/2015 02h00

    Fruta em cubo de gelo, tinta, bola e areia são armas do Zoológico de São Paulo para espantar o marasmo que adoece os bichos, afirma reportagem na última edição da sãopaulo
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    Menos mal... Embora o próprio zoológico admita que o programa de enriquecimento ambiental, iniciado há 11 anos, segue muito aquém da excelência desejada.

    Manter animais em cativeiro implica uma série de deveres que vão muito além de proporcionar-lhes saúde física. É um dever ético garantir a esses bichos saúde mental.

    E isso não é só no zoológico. Imagine-se preso em um ambiente nu de artefatos de entretenimento -TV, música, livro, jornal, alguém para conversar, acesso à geladeira, banho de sol. É assim a vida de um cão que passa o dia só em um apartamento.

    Ilustração Tiago Elcerdo

    Natural que a pobre alma tente vencer tanta monotonia destruindo a casa, urinando aqui e ali, lambendo as patas, latindo para as paredes.

    Não há estudos conclusivos sobre como reverter totalmente esse mal, mas há indícios de que brinquedos, texturas, cheiros, desafios e presença de outros animais ajudam muito.

    Pesquisadores observaram mamíferos diversos e mediram a corticosterona (hormônio do estresse) antes e depois da introdução de novidades em seus ambientes. Tudo caiu: níveis do hormônio, episódios de mutilação, andar compulsivo e comportamentos estereotipados.

    É por isso que gatos precisam, sim, seguir a luz das canetas laser, escalar prateleiras, desfiar arranhadores. Cães têm que roer ossos, latir no portão, cavar a grama, brincar com outros cachorros. Hamsters necessitam de rodinhas, de papéis para picar, de túneis, de rampas.

    O alvo do enriquecimento ambiental é dar ao bicho em cativeiro condições que estimulem a manifestação de seu comportamento natural.

    Pense um pouco. O que você pode fazer para dar a seu animal uma semana melhor? Aqui em casa, as calopsitas cantam sem parar quando ganham um chuvisco de mangueira ou uma caixa de papelão. São coisas simples que fazem toda a diferença.

    sílvia corrêa

    Formada em jornalismo e veterinária. Atuou por 13 anos na Folha. Co-autora de 'Medicina Felina Essencial' (Equalis) e 'A Caminho de Casa' (Ed. de Janeiro). Escreve aos domingos.

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