• Colunistas

    Tuesday, 07-May-2024 08:32:15 -03
    Silvia Corrêa

    Vitória da adoção

    27/03/2016 02h01

    Os números chamam a atenção. Mais: quase emocionam. No último fevereiro, a Petz, uma das maiores redes de pet shops do país, vendeu 190 cães e gatos e... Doou 402!

    Sim, é isso mesmo: o número de animais doados é mais do que o dobro do total de vendidos na lojas da rede. E olha que os filhotes para a venda estão lá de domingo a domingo, enquanto as feiras de adoção funcionam só nos finais de semana. Pelos dados da rede, a tendência ganhou força a partir de maio de 2015 e avança de forma consistente.

    Tiro no pé? "De jeito nenhum", diz a médica veterinária Valéria Pires Corrêa, diretora técnica da rede. "A venda de filhotes não é um setor lucrativo em nossas lojas, só o mantemos porque há clientes que fazem questão de comprar animais jovens e de raça", afirma. Ela completa: "Já que a demanda existe, melhor que eles comprem animais em conforto térmico, bem alimentados e saudáveis, do que no meio da rua, de gente com filhotes em porta-malas".

    Tiago Elcerdo

    A Petz é a antiga Pet Center Marginal. Tem 34 lojas pelo país. Vende filhotes em 32 unidades e tem eventos de adoção em 22 pontos.

    "Quando cedemos o espaço para as feiras, chamamos a atenção para o abandono. Mais do que conseguir lar para um cão ou um gato, a cada adoção rompemos um círculo vicioso de descaso e de zoonoses, porque todos eles foram retirados da rua, castrados, vacinados, vermifugados. Tiveram a saúde resgatada."

    Fora do país, há clara tendência de grandes redes ocuparem suas exposições com animais para adoção, não mais venda. Há dois anos, parte da Petz foi comprada por um fundo de investimento norte-americano.

    A rede afirma que não tem planos de fechar seu setor de filhotes, mas admite que observa o mercado. "Se a adoção ganhar vulto, podemos aumentar ainda mais o espaço que reservamos às feiras", diz Valéria.

    A lei da oferta e da demanda vale do pet shop à loja de chocolates. Só há ovo de Páscoa de R$ 1.000 porque há quem compre. Nós, clientes, somos os maestros, e os números mostram que podemos usar essa força para as boas ideias.

    sílvia corrêa

    Formada em jornalismo e veterinária. Atuou por 13 anos na Folha. Co-autora de 'Medicina Felina Essencial' (Equalis) e 'A Caminho de Casa' (Ed. de Janeiro). Escreve aos domingos.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024