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    Silvia Corrêa

    Coceira em cães pode ser sinal de alergia

    20/11/2016 02h00

    Rodrigo Fortes
    Ilustração para a coluna Bichos de 20 de novembro (Crédito: Rodrigo Fortes)

    Mafalda lambe as pontinhas das patas. Lambe tanto que os pelos, branquinhos, já se tornaram amarronzados, deixando a pele sensível no espaço entre os dedos.

    Gláucia, sua dona, me contou por e-mail a história de Mafalda. Não existe diagnóstico à distância, mas essa lambedura de patas, sem que o animal lamba tudo que está ao redor, indica prurido (coceira) na maioria dos casos (alguns poucos cães são compulsivos ou sentem dores).

    Inúmeros agentes causam prurido em cães (fungos, sarnas, bactérias), mas há um grupo de doenças às quais a lambedura de interdígitos (o espaço entre um dedo e outro) está mais diretamente associada: as dermatites alérgicas.

    Cães apresentam basicamente três tipos de alergia: a picada de pulgas e carrapatos, a alimentos e a ácaros, pólen e proteínas ambientais. Seja qual for a suspeita, o primeiro passo é fazer com afinco a prevenção a ectoparasitas.

    Já sei... estou ouvindo seus pensamentos: seu cão não tem pulgas, né? Essa é a resposta de nove entre dez proprietários. Mas todo cão tem pulgas, mesmo que não vá à rua. Elas entram em nossas casas de carona nos nossos sapatos, na barra das calças, no pelo do gato. Pior: para cada pulga que você vê no animal, nove estão no ambiente.

    Se a coceira não ceder mesmo com os parasiticidas, aí é hora de investigar a dieta. Ouço novamente seus pensamentos: seu cão sempre comeu a mesma coisa e nunca teve alergia? É exatamente isso: alergia é algo que se desenvolve e, portanto, tende a ter como gatilho os componentes mais comuns da alimentação.

    A dieta de exclusão deve ser definida e monitorada por um veterinário (mantendo sempre o controle de pulgas e carrapatos). Não resolveu? Chegamos à má notícia: seu cão tem dermatite atópica.

    Atopia é uma predisposição genética a reagir de forma excessiva a alérgenos ambientais. Sim: o perigo está no ar, no tapete, na fumaça do seu cigarro.

    Para esses cães, o tratamento vai muito além do controle de pulgas e carrapatos. Inclui banhos, remédios, mudanças na casa. A doença não mata, mas reduz a qualidade de vida. E não tem cura: os cuidados são para toda a vida.

    Já sei (de novo) o que você está pensando... mas agora é impublicável. Não, não é culpa do criador nem do veterinário. Humanos também têm atopia e não foram cruzados em canis.

    sílvia corrêa

    Formada em jornalismo e veterinária. Atuou por 13 anos na Folha. Co-autora de 'Medicina Felina Essencial' (Equalis) e 'A Caminho de Casa' (Ed. de Janeiro). Escreve aos domingos.

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