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    Silvia Corrêa

    Doença gengival aparece em 4 meses quando cães não têm dentes escovados

    17/12/2017 02h00

    Rodrigo Fortes

    Cães e gatos não vêm com manual de instrução. Mas, se viessem, a escovação dentária estaria listada entre os procedimentos que podem aumentar a sobrevida do animal.

    Não, não é exagero! Doenças bucais acarretam inúmeros prejuízos à saúde dos bichos, que vão desde à redução da ingestão alimentar (por dor mesmo) até infecções que se tornam generalizadas e levam à morte, tendo começado na boca.

    Muitas vezes, porém, o problema progride tão rápido ou é detectado em fase tão avançada que nem proprietários nem médicos veterinários se dão conta de sua origem. Um bom exemplo são os inúmeros casos de doença renal crônica que não se tem ideia por que começaram.

    Diante desse cenário, meu conselho é: escove os dentes do seu animal tantas vezes quantas você escova os seus todos os dias. Impossível!? Eu sei! Mas tendo isso em mente você entenderá que escovar uma vez ao dia já é pouco e vai se forçar para encarar a escovação pelo menos com essa frequência absolutamente mínima.

    E não adie. Comece hoje. Um estudo da Waltham, o centro de pesquisas da fabricante de rações Mars, que já mencionei outras vezes, acompanhou a saúde bucal de 52 schnauzers miniatura ao longo de 15 meses (60 semanas), começando 18 semanas depois da suspensão dos cuidados de escovação.

    Resultado: na primeira avaliação, 100% dos animais já tinham gengivite. Ou seja: bastaram quatro meses sem limpeza e a inflamação das gengivas estava instalada. E, 30 semanas após a suspensão da escovação (pouco mais de sete meses sem limpeza), 98% deles tinham periodontite (infecção que já compromete a estrutura subgengival).

    Pior: alguns apresentaram níveis mais graves de doença periodontal sem que a gengivite tivesse se agravado. O que significa que, por fora, a gengiva só parecia levemente avermelhada, mas, abaixo dela, a doença progredia rapidamente, sem que fosse possível perceber esse avanço a olho nu. Portanto, mãos à obra!

    Se a doença periodontal já estiver instalada na boca do seu cão, você vai precisar tratá-la antes (em um especialista, com anestesia geral), porque não tem escovação que faça milagre. Mas, depois do tratamento, tem que escovar os dentes do bicho todos os dias, com escova macia e pasta para animais.

    A pasta não é fundamental, mas ajuda na limpeza (porque tem enzimas) e na aceitação do bicho (porque muitas têm gostinho de carne). Por falar em aceitação, comece sempre dos dentes do fundo para os da frente e faça as primeiras sessões apenas com uma gaze em volta do dedo, tocando só a face externa dos dentes. É uma forma de o animal ir se acostumando à manipulação.

    Dê carinho ao bicho durante a limpeza, para que ele a considere um momento de prazer. Os petiscos abrasivos ajudam e podem servir como prêmio após a sessão, mas não substituem a escovação. E, principalmente, seja persistente! Pense que isso pode estar garantindo a vocês dois alguns anos a mais de convívio.

    *

    Em tempo: Boas festas a todos! A coluna volta a ser publicada semanalmente a partir do dia 14 de janeiro, na revista sãopaulo. Por favor, não deem panetone ou chocotone aos cães e aos gatos. Como já conversamos antes, passas e chocolate são bastantes tóxicos para eles.

    sílvia corrêa

    Formada em jornalismo e veterinária. Atuou por 13 anos na Folha. Co-autora de 'Medicina Felina Essencial' (Equalis) e 'A Caminho de Casa' (Ed. de Janeiro). Escreve aos domingos.

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