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    Tales Andreassi

    Pais e Filhos

    20/10/2013 01h30

    Você não pagaria uma fortuna por um quadro do filho de um pintor famoso. No entanto, encaramos com naturalidade o fato do filho de um empresário bem-sucedido assumir o lugar do pai na empresa. E é aí que mora o perigo.

    A administração é uma combinação entre arte e ciência, ou seja, o bom administrador é aquele que une uma boa base de conhecimentos técnicos -por exemplo, expertise em finanças- e um talento especial para gerir pessoas e recursos. E essas habilidades não são necessariamente herdadas.

    Muitas vezes, é a própria família que insiste para que os filhos assumam o negócio, sem ao menos questionar se é isso mesmo que eles desejam.

    Será muito mais produtivo, para a empresa e os próprios envolvidos, que os potenciais sucessores sigam sua vocação e a administração da companhia seja entregue a profissionais mais experientes e talentosos. Caberia à família verificar se o negócio está no rumo certo e cobrar resultados.

    E mesmo que a vocação dos herdeiros seja para a gestão, é importante que eles trabalhem em outras corporações antes de assumir a própria. Isso vai lhes trazer muito mais confiança e respeito quando o processo sucessório ocorrer.

    No caso de haver vários sócios, há sempre o risco de que a morte de um deles acabe fazendo com que herdeiros despreparados participem da gestão. Uma das formas de se evitar isso é a companhia provisionar anualmente recursos para a compra da parte de um dos sócios em caso de morte ou impossibilidade de ele continuar na empresa.

    tales andreassi

    Escreveu até junho de 2016

    É professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP.

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