Este primeiro artigo do ano é dedicado àqueles que estão pretendendo empreender em 2015. Muito se fala sobre como é maravilhoso empreender, que o próximo Zuckerberg pode ser você ou ainda que basta ter uma boa ideia para ficar milionário.

Em geral, a mídia se concentra nos empreendedores de sucesso, que depois de o atingirem acabam subestimando as dificuldades encontradas e os sacrifícios feitos, dando a impressão de que todo mundo consegue chegar lá se quiser.

Pablo Martin de Holan, professor da escola de negócios EMLyon, escreveu recentemente um artigo no jornal britânico "Financial Times" criticando essa onda motivacional que envolve o empreendedorismo, infelizmente adotada por muitas faculdades de administração.

Para ele, como ensinar algo que levará a grande maioria dos nossos alunos ao fracasso, não sem antes fazê-los passar alguns anos trabalhando muito e ganhando quase nada?

Para ser um bom médico, advogado ou engenheiro, antes de tudo é preciso ter vocação. No entanto, a impressão que se tem é que qualquer um pode empreender se quiser, tendo vocação ou não.

Isso não é verdade. Para ser um empreendedor, de sucesso, é preciso vocação, sim. Além disso, como menciona Pablo de Holan, é preciso ter experiência adquirida no mundo empresarial, maturidade, acesso a capital, bom conhecimentos de administração e, principalmente, identificar um problema comum a um público razoavelmente grande e uma solução que satisfaça essas pessoas. Sem isso, suas chances de sucesso reduzem-se praticamente a zero.

Certamente todos nós conhecemos empreendedores que deram certo na primeira tentativa, sem ter nenhuma experiência prévia. Mas esses são muito mais exceções do que a regra.

Se a sua ideia é abrir um negócio em 2015, procure se preparar um pouco melhor antes de arriscar todo o seu patrimônio numa aventura que pode ser muito dolorosa no final. Se empreender em tempos de vacas gordas já é difícil, imagine em um ano em que as estimativas de crescimento são menores do que 1%.