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    Tales Andreassi

    Investidor colaborador

    26/07/2015 01h15

    O papel dos investidores em uma start-up é de extrema relevância, muito mais do que simplesmente injetar capital no negócio.

    Em um artigo clássico, os acadêmicos americanos Daniel Cable e Scott Shane comparam a relação entre investidores e empreendedores com o famoso dilema dos prisioneiros, metáfora utilizada em teoria dos jogos.

    Dois suspeitos são acusados por um mesmo delito e interrogados separadamente pela polícia, que não tem provas suficientes para condená-los. Por isso, oferece o seguinte acordo a ambos: se um dos prisioneiros confessar e testemunhar contra o outro, e esse outro permanecer calado, o prisioneiro que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso pega dez anos de cadeia. Se os dois permanecerem calados, a polícia só pode condená-los a seis meses de cadeia cada um. Se os dois traírem o comparsa, cada um cumpre cinco anos de pena.

    Cada prisioneiro tem um incentivo maior para agir unicamente em seu próprio interesse. No entanto, se os dois agirem assim, os dois perdem, mostrando que, ao pensar no outro, os dois ganham.

    Um grau de cooperação entre investidores e empreendedores é uma condição necessária para o sucesso da empresa. Isto porque ambos possuem conhecimentos distintos e que não existem em abundância no mercado.

    Investidores geralmente concentram seu capital em um único setor, conhecendo a fundo como o fluxo financeiro funciona dentro desta área. Por outro lado, empreendedores identificam uma oportunidade que outros não viram. Substituir empreendedores e investidores não é tão trivial, não há uma abundância deles disponível no mercado. Por isso a importância da cooperação.

    Tentações para comportamentos não colaborativos existem dos dois lados. Empreendedores podem omitir informações críticas sobre o seu negócio, superestimar seu fluxo de receitas futuro ou ainda abusar dos gastos pessoais. Já investidores podem exigir retiradas cedo demais, não reinvestindo o lucro no negócio ou então dedicar pouco tempo ao acompanhamento do negócio. Tais estratégias podem funcionar no curto prazo, mas a longo prazo acabam não se sustentando, de tal forma que, como no caso dos prisioneiros, ambos acabam perdendo.

    tales andreassi

    Escreveu até junho de 2016

    É professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP.

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