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    Tales Andreassi

    Mitos do empreendedor

    01/11/2015 02h00

    Em uma discussão sobre empreendedorismo, não é raro ouvirmos argumentos que se revelam mitos mais do que verdades. O que eu mais gosto é aquele que diz que o empreendedor é um jogador, um indivíduo que gosta de correr riscos. Ora, ninguém em sã consciência gosta de correr riscos.

    O bom empreendedor é aquele que ousa de forma calculada, apostando em ações que, se não derem certo, não irão levar a empresa à falência. É o que chamamos de "perda tolerável".

    Outro mito comum é achar que os empreendedores nascem feitos, ou seja, não podem ser formados. Eu particularmente acredito que há um pequeno percentual de pessoas que nunca serão empreendedoras, da mesma forma em que também há um pequeno percentual que desde muito cedo empreende sem ninguém ter ensinado -aqueles garotos que vendem gibi na escola, organizam festas...

    Mas a grande maioria das pessoas, se exposta a um ambiente que incentive o empreendedorismo, pode se tornar empresária, sim. É por isso que governo, escolas, empresas devem se unir para criar um sistema que efetivamente apoie o empreendedorismo no Brasil, com ações diretas, integradas e focadas.

    E o mito de que o sucesso vem rápido? Bom, esse já começa a cair por terra, especialmente em uma época de crise como a atual. Na verdade, as estatísticas mostram que mais de 40% dos negócios não passam do terceiro ano.

    Uma empresa começa a se estabilizar depois de alguns anos de muito trabalho e esforço. É por isso que todo empreendedor deve ser paciente - o começo é duro mesmo e ele vai querer desistir milhares de vezes. Persevere!

    Há também o mito de que todo empreendedor é seu próprio patrão e não tem que dar satisfações a ninguém. É certo que ele tem uma jornada mais flexível, já que pode gerenciar melhor o seu tempo. Mas, seguramente, ele trabalha tanto ou muito mais do que se tivesse um emprego.

    Não há aquele ditado: quem tem sócio tem patrão? E, se ele não tiver sócio, tem cliente, o que é muito pior. Clientes mal atendidos põem a boca no trombone e podem prejudicar muito o seu negócio. Imagine receber uma visita do Celso Russomanno...

    tales andreassi

    Escreveu até junho de 2016

    É professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP.

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