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    Tales Andreassi

    Empreendedoras

    03/04/2016 02h00

    N semana passada, finalizei uma pesquisa com Erwan Lamy, professor da Novancia, uma escola francesa de administração. O tema da pesquisa é a saúde das mulheres empreendedoras e a influência dos seus cônjuges em seus negócios.

    A partir de uma análise estatística em uma amostra de 187 mulheres empreendedoras brasileiras, complementada por entrevistas em profundidade com algumas delas, foram estudadas as seguintes variáveis: participação do marido no negócio, envolvimento da empreendedora no dia a dia da empresa, conflitos da empresária com o cônjuge, problemas de saúde enfrentados por ela e desempenho geral do negócio.

    Um dos resultados encontrados é que não há relação entre a participação do marido e o resultado da empresa. Ou seja, o fato do marido trabalhar junto com a empreendedora não significa que a empresa terá chance de maior lucratividade.

    Além disso, foi encontrada uma relação entre o envolvimento do cônjuge no negócio e o aumento de conflitos do casal, o que não chega a ser uma surpresa já que os dois passam a enfrentar juntos não só os problemas do próprio relacionamento e da casa, como também as dificuldades de se tocar um negócio.

    O estudo também apontou que há uma relação entre conflitos com o marido e um maior número de problemas de saúde da empreendedora, e isto, por sua vez, acaba prejudicando o desempenho do negócio.

    Em linhas gerais, o estudo mostra o que muitos já sabiam: quanto menos se envolver parentes no negócio, menos problemas o empreendedor terá.

    Administrar funcionários já não é uma tarefa fácil. Quando você traz para essa gestão elementos de ordem pessoal, fica muito difícil obter a isenção necessária que deve pontuar as relações profissionais.

    Isto não quer dizer que o papel do cônjuge não seja importante. Ele pode ter uma influência grande na vida da empreendedora, contribuindo para seu bem-estar e felicidade, da mesma forma que o inverso também é verdadeiro. Mas em se tratando de negócios, é sempre melhor deixar o companheiro ou companheira fora.

    tales andreassi

    Escreveu até junho de 2016

    É professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP.

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