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    Tostão

    O chutão é universal

    22/05/2013 03h00

    Pelos noticiários, parece que o Fluminense é um timinho, com poucas chances de ganhar a Libertadores, e o Atlético-MG, um timaço, espetacular, fantástico. Os que criticam os chutões e o excesso de jogadas aéreas no futebol brasileiro são os mesmos que acham belíssimos esses lances no Atlético-MG.

    Fluminense e Atlético-MG são fortes candidatos ao título. O Galo tem mais chances, porque está melhor e, principalmente, porque, no Independência, inibe o adversário, e só ele joga. Mas, se o Atlético-MG for eliminado, todos os méritos, que são inúmeros, serão esquecidos. Dirão até que Cuca amarela e que é chorão.

    Sábado, Borussia Dortmund e Bayern de Munique fazem a final da Copa dos Campeões. Estava em Munique, quando os dois eliminaram Real e Barcelona. Vi pela TV.

    Estive, depois, na belíssima cidade de Viena. Realizei o desejo de conhecer o Museu Freud, onde ele morava e trabalhava. Fiquei impressionado como os austríacos homenageiam o criador da psicanálise e outros grandes artistas, que viveram na mesma época, como o pintor Gustavo Klimt.

    Na época em que Freud, Klimt e outros revolucionários trabalhavam, foram contestados. Não se tinha a exata dimensão da importância de suas obras. Demoramos a compreender o óbvio. Será que o atual futebol alemão, tão badalado, ficará na história? Será que vai ocupar, nos próximos anos, o lugar dos espanhóis? Ou logo perderá o prestígio?

    Não há nenhuma novidade na maneira de jogar dos alemães. A estratégia é a mesma dos últimos anos e a da maioria das grandes equipes. Mudou apenas a intensidade e a eficiência com que os alemães executam o que foi planejado. A evolução do futebol será pelo físico, pela formação de superatletas?

    Bayern e Borussia ensinaram à seleção alemã como se faz para marcar os espanhóis. Na Copa de 2010, os alemães, considerados favoritos, por causa da goleada sobre a Argentina e das vitórias apertadas da Espanha, assistiram ao show de troca de passes dos espanhóis. Os dois times alemães mostraram que é possível pressionar quem está com a bola, durante todo o jogo, em todas as partes do campo.

    O Brasil não tem de copiar, na íntegra, os alemães, os espanhóis nem repetir o passado. O futebol mudou. Temos de reinventar nosso estilo e reaprender a jogar coletivamente. O que não se pode é atuar por espasmos, como hoje, com uma jogada aqui e outra ali.

    Bayern e Borussia se parecem. Marcam e atacam com muitos jogadores, alternam a marcação por pressão com a mais recuada, contra-atacam com rápidas trocas de passes e deixam poucos espaços entre os setores. O Borussia usa, com sucesso, como o Atlético-MG, os lançamentos, longos e pelo alto, para o centroavante Lewandowsk. O chutão é universal. Às vezes, funciona.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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