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    Tostão

    O máximo dos máximos

    DE SÃO PAULO

    23/03/2014 02h00

    Hoje é dia do maior clássico nacional da Europa, o máximo dos máximos, entre Real Madrid e Barcelona. Para os jovens, é difícil imaginar que já houve, no Brasil, um clássico tão bom ou melhor, entre Santos e Botafogo, com Pelé de um lado e Garrincha de outro.

    Paulo Andrade e Paulo Calçade, da ESPN Brasil, mostraram, pela TV, uma foto com Di Stéfano, feita nesses dias, em um restaurante em Madri. O encontro foi por acaso. Di Stéfano estava em uma cadeira de rodas. Ele, argentino, é presidente de honra do Real Madrid.

    Meu pai me dizia que Pelé era o melhor de todos, mas que Di Stéfano era o único jogador espetacular de uma área à outra. Pelé atuava do meio para frente.

    Quando jogava no Cruzeiro, influenciado por meu pai, tentei jogar de uma área à outra. Quando chegava à intermediária do outro time, estava morto. Desisti. Contentei-me em ser Tostão. Hoje, há um grande número de jogadores talentosos no mundo, que atuam de uma área à outra. O futebol mudou.

    Na Copa de 1994, lanchava, sozinho, no centro de imprensa de Dallas, nos EUA, quando se aproximou um senhor mais velho, pediu licença para sentar-se ao meu lado, disse que tinha me visto jogar e se apresentou: "Di Stéfano". Era ele. Quase caí da cadeira. Conversamos sobre futebol.

    A maior vantagem do Real Madrid sobre o Barcelona é o elenco. Hoje, o Barça deve atuar completo. Para manter a fama de que forma craques, o Barcelona insiste com alguns jovens, reservas, que não têm condições de atuar na equipe.

    O Barcelona prioriza a troca de passes –hoje, nem tanto–, enquanto o Real Madrid joga com mais velocidade, além de ser excepcional nas jogadas aéreas.

    Cristiano Ronaldo e o galês Balle vão explorar os espaços nas costas do brasileiro Daniel Alves e do espanhol Jordi Alba. Por outro lado, como o português volta pouco para marcar, o argentino Di Maria, terceiro jogador de meio-campo, terá de atuar mais pela lateral, para ajudar o brasileiro Marcelo a bloquear os avanços de Daniel.

    Com isso, o croata Modric e o espanhol Xabi Alonso terão mais dificuldades pelo meio, para marcar a troca de passes e a movimentação do argentino Messi. E ainda terão de se preocupar com o brasileiro Neymar. É o mundo aos nossos olhos.

    Real e Barça não dependem de Cristiano Ronaldo e Messi para jogar um ótimo futebol coletivo, mas precisam dos dois para decidir as grandes partidas.

    GRANDE CAPITÃO

    Conheci Bellini na Copa de 1966. Ele estava no fim de carreira, sem boas condições de jogar o Mundial. Bellini foi um ótimo zagueiro. Mais que isso, foi um desses jogadores que se destacam muito pelas qualidades humanas, pela tranquilidade, pela postura, pelo equilíbrio e pela educação. Mereceu se tornar uma estátua, mas não a do Maracanã, que não representa seu corpo nem sua alma.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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