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    Tostão

    Complicar não é preciso

    08/02/2015 02h00

    A evolução no futebol, nos últimos anos, tem sido diminuir a importância dos jogadores que atuam em pequenos espaços, embora, às vezes, eles sejam decisivos, e valorizar mais os que fazem mais de uma função, desde que tenham talento.

    Não adianta correr sem pensar. Mas não se deve confundir os atletas que, durante um jogo, fazem mais de uma função com os que atuam em várias posições em partidas diferentes.

    Quando o atacante Rooney, um ótimo finalizador, volta para receber a bola em seu campo para, depois, chegar ao ataque, não significa que ele possa fazer, com a mesma eficiência, o sentido inverso, ou seja, atuar de volante para, depois, chegar à frente, como tem sido escalado por Van Gaal, no Manchester United.

    Rooney, por ser um jogador inteligente, joga bem também de volante, mas não é seu lugar. Isso o prejudica e ao time. Os moderninhos adoram elogiar o técnico que muda a posição dos jogadores, mesmo sem motivo, como se isso fosse moderno.

    Tenho muita admiração pelo criativo Guardiola, mas discordo quando ele exagera em suas invencionices, ao colocar dois excepcionais laterais, Alaba e, especialmente, Lahm, no meio-campo ou na zaga, como algumas vezes joga Alaba. Pior, os laterais escalados são fracos para o nível do Bayern. Lahm está contundido. O técnico da seleção alemã fez o mesmo na Copa, percebeu o erro, voltou Lahm para a lateral, e o time ficou muito melhor.

    Mourinho, o "number one", apelido dado por ele próprio, improvisa o lateral-direito Azpilicueta, apenas um bom marcador, pela esquerda e deixa na reserva Filipe Luís, muito bom na marcação e no apoio. Dunga está certo em escalá-lo na seleção, mas erra ao não convocar Marcelo, excelente opção, em algumas situações, por ser um excepcional apoiador.

    Ancelotti não tem a fama de Mourinho nem de Guardiola, mas é um técnico que executa muito bem tudo o que é essencial, no momento certo.

    Entre vários motivos, critico os técnicos brasileiros por terem, durante os últimos tempos, contribuído para a queda do nosso futebol, mas colocar jogadores nos lugares errados não é uma de suas deficiências. Além disso, muitos têm evoluído. De vez em quando, vejo equipes com ótima qualidade coletiva. É preciso que isso se torne quase uma rotina.

    Prêmio

    Sei que colunista não deveria falar de si mesmo. Porém, como tenho minhas fraquezas e preciso esclarecer, informo que recebi o prêmio, anual e tradicional em toda a Espanha, "Manuel Vázquez Montalbán", concedido pelo colégio de jornalistas da Catalunha, com apoio da Fundação Barcelona. Fiquei orgulhoso, contente, principalmente pela enorme surpresa.

    Para quem não sabe, Manuel Vázquez Montalbán foi um grande escritor espanhol, especialmente, de ficção policial. José Trajano adora seus personagens, como o Detetive Pepe Carvalho.

    Manuel Vázquez Montalbán é o Rubem Fonseca da Espanha. Esclareço, ainda, que não é um prêmio de melhor colunista, como foi noticiado. É para qualquer profissional que, com seus textos, tenha contribuído, de alguma forma, com o futebol.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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