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    Tostão

    É cedo para euforia

    05/04/2015 02h00

    Os clubes de todo o Brasil, e não apenas Fluminense e Flamengo, deveriam aproveitar o momento para fundar as ligas e acabar com o poder da CBF e das federações ridículas e nefastas, como a do Rio de Janeiro.

    Na coluna anterior, antes da rodada da Libertadores, critiquei o conceito de que o São Paulo é um time de estrelas, que não funciona bem, e que o Corinthians é uma equipe mais modesta, que funciona muito bem, somente por causa do coletivo.

    Nessa avaliação equivocada, não está dito, mas implícito, que as coisas funcionam ou não funcionam, nos dois clubes, por causa dos treinadores.

    É óbvia a grande importância dos técnicos, com seus acertos e erros. Mas não podemos avaliar uma equipe somente a partir dos resultados e da conduta dos treinadores, como se não houvesse outros fatores determinantes, como o acaso, o comportamento emocional e, principalmente, a qualidade dos atletas.

    O Corinthians deu um show de futebol coletivo e individual, contra o fraco Danúbio. Enquanto isso, São Paulo e San Lorenzo fizeram um jogo ruim, que tinha tudo para terminar em 0 a 0, se não fosse o belo gol de Cauteruccio, facilitado por Tolói, que esperou a bola quicar, para ficar na distância ideal de receber um chapéu.

    Rogério Ceni deveria ter percebido, no instante do drible, e saído do gol, para dificultar a finalização.

    Ouço, com frequência, que não há dúvida do enorme talento de Pato e que ele não brilha por outros motivos.

    Duvido.

    Falta a ele uma qualidade essencial para ser um grande jogador, a lucidez de fazer as escolhas certas, de tornar simples o que é complexo.

    No meio da semana, de tantas partidas, por Libertadores, Copa do Brasil, amistosos de seleções e jogos das Eliminatórias da Eurocopa, quem mais brilhou e jogou mais bonito foi o Corinthians.

    As outras partidas foram fracas. Mas o adversário era ruim. Ainda é cedo para euforia. O ano tem 12 meses. O San Lorenzo teve mais chances de ganhar do Corinthians do que do São Paulo.

    Todos os técnicos ganham e perdem, o que não significa que todos trabalharam muito bem, quando ganharam, ou muito mal, quando perderam.

    A Espanha não piorou porque o técnico Vicente del Bosque tem trabalhado mal. Quando ganhou o Mundial e foi bi da Eurocopa, o time já tinha problemas importantes, a falta de um atacante excepcional (Fernando Torres só teve um bom período) e de um meia que entrasse na área. Xavi e Iniesta nunca tiveram essa virtude.

    A Espanha foi a seleção campeã que menos fez gols em uma Copa, em 2010. Ganhava porque o time tinha armadores magistrais, comandava a partida, fazia um gol e escondia a bola. Hoje, não tem mais e continua sem um grande atacante. Diego Costa ainda é uma incerteza na seleção.

    Algumas vezes, os erros dos técnicos são evidentes e decisivos. Ao ver a seleção inglesa contra a Itália, com Walcott, que só sabe atuar pela ponta direita e em velocidade, jogar pelo centro, de costas para o gol, atrapalhando os atacantes Rooney e Kane (grande promessa do futebol inglês e mundial), o técnico Roy Hodgson deveria ser dispensado. Aliás, nem deveria ter sido contratado.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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