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    Tostão

    Luz e sombra

    08/04/2015 02h00

    Cruzeiro e Atlético precisam vencer, hoje e amanhã, pela Libertadores. São favoritos, por jogarem em casa e terem melhores equipes. O Santa Fé, da Colômbia, adversário do Atlético, é muito superior ao Mineros, da Venezuela.

    Com qualquer sistema tático, para se formar uma boa equipe, é necessário ter, próximos um do outro, jogadores com características diferentes, que se completem, e alguns que fazem mais de uma função. Quando isso ocorre, o entrosamento é mais rápido.

    No esquema com quatro defensores, dois volantes, três meias e um centroavante (4-2-3-1), se os dois volantes forem apenas de marcação e os três meias tiverem características de armadores, não vai funcionar bem. É o caso atual da seleção espanhola. Uma equipe não pode depender apenas dos gols do centroavante, mesmo que ele seja o artilheiro do campeonato.

    Se o time tiver dois volantes apenas marcadores e três meias velozes, agressivos, com características de atacantes, também não vai funcionar bem, pois vai faltar o armador criativo. É o caso, hoje, do Cruzeiro, que perdeu o meia que entrava na área, para fazer gols (Ricardo Goulart), e o meia habilidoso e de bom passe (Éverton Ribeiro). De Arrascaeta ainda não se definiu.

    Um ótimo time precisa de luz e sombra, de ação e contração, de sístole e diástole, de cadência e velocidade. O Corinthians tem um volante que marca muito e outro que apoia muito, dois meias armadores (Jadson e Renato Augusto) e um meia atacante (Emerson). A equipe marca com cinco no meio-campo (dois volantes e três meias) e ataca com cinco (Elias, os três meias e o centroavante).

    Prefiro equipes, como a Alemanha, o Bayern, o Real Madrid e o Barcelona, coincidentemente, a melhor seleção e os três melhores times do mundo, que jogam com um trio no meio-campo (um mais recuado e mais um de cada lado, que marca e ataca), a ter dois volantes em linha, apenas marcadores, e um único meia responsável pela armação das jogadas. As equipes citadas têm dois armadores que avançam, em vez de um, e três que marcam, em vez de dois.

    O Corinthians faz o mesmo, pois, quando o time recupera a bola, Elias avança e joga ao lado de Renato Augusto, com Ralf mais atrás.

    Mudo de assunto. Quando comecei a comentar jogos pela TV, no estádio, Muricy estava no início da carreira de técnico. Escrevi, na época, que estava preocupado com a extrema tensão do treinador e que isso era ruim para sua carreira e para sua saúde. Com o tempo, ele ficou menos agitado e melhor.

    Muricy deveria ter saído antes, para tratar da saúde. Mesmo não sendo sua intenção, ao reclamar tanto dos problemas de saúde, ele passava o sentimento de vítima, parecido com o de alguns jogadores, que falam em atuar no sacrifício, ajudar os companheiros e arrumar uma boa desculpa para a má atuação. Quando jogam bem, viram heróis.

    Muricy, sorte na cirurgia, descanse bastante e aproveite outras coisas. O trabalho enobrece, mas não pode ser álibi para evitar outros prazeres. A vida é um sopro, como diz o belo tango "Volver", de Alfredo Le Pera.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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