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    Tostão

    Picuinhas e regrinhas

    10/06/2015 02h00

    Repito, durante um logo tempo os times brasileiros avançavam laterais e seguravam volantes para fazer a cobertura, enquanto os europeus seguiam o caminho contrário, seguravam laterais e incentivavam volantes a marcar e apoiar. Não tem de ser uma coisa nem outra. Hoje, as grandes equipes possuem laterais e volantes (meio-campistas) que marcam e atacam, sincronizados, para não deixar a defesa desprotegida.

    O futebol caminha para ter jogadores habilidosos em todas as posições e que tenham mais de uma função no mesmo jogo. Vai acabar o futebol compartimentado, com goleiros que só jogam sob as traves, zagueiros que desarmam e chutam para frente, laterais e volantes que marcam ou apoiam e centroavantes que só finalizam. Goleiros terão de saber jogar fora do gol, zagueiros terão de ter bom passe, laterais e volantes terão de marcar e apoiar, e centroavantes terão mais mobilidade e habilidade, além de fazer gols.

    A novidade no futebol brasileiro é o técnico colombiano Juan Carlos Osorio. Ele parece ter muitas informações e muitos conhecimentos. Informação não é a mesma coisa que conhecimento, mas não existe conhecimento sem informação.

    Osorio gosta de trocar jogadores. Aguirre, do Inter, e vários técnicos europeus fazem o mesmo, principalmente quando há dois do mesmo nível em uma posição. Os craques jogam quase sempre, a não ser que tenham problemas físicos.

    Mudar jogadores de acordo com o adversário é uma boa estratégia, mas é também importante definir o time, com alguns reservas especiais, e a maneira de jogar. A repetição melhora a técnica coletiva, porém quando excessiva inibe a criatividade. Técnico bom não é o que muda muito nem o que muda pouco. É o que muda no momento certo.

    Além de ser um timaço, uma das razões do sucesso do Barcelona na temporada foi o acaso, por ter tido poucas lesões e mantido quase sempre o mesmo time, já que o elenco é pequeno e fraco em relação às grandes equipes da Europa. Para os três da frente, só há um bom reserva, Pedro, ainda assim bem inferior. Imagine se dois dos três atacantes ficassem vários jogos sem atuar. Imagine se os laterais Douglas, Montoya ou Adriano e o zagueiro Bartra tivessem de substituir, em muitos jogos, Dani Alves, Jordi Alba e Piqué.

    Amanhã começa a Copa América. Ao contrário do baixo nível dos times sul-americanos, pela saída dos melhores jogadores, as seleções estão muito bem. Das seis que disputaram a última Copa, só o Equador não chegou às oitavas. Chile e Colômbia são do nível de quase todas as melhores seleções europeias.

    Apesar dos 7 a 1 e de ter apenas um grande craque, o Brasil, pela tradição, por ter vários excelentes jogadores e por ter ido muito bem nos amistosos, com Dunga e também com Felipão, é sempre forte candidato ao título. Dunga conquistou nove vitórias em nove jogos e também vários atritos, com Thiago Silva, Maicon e Hulk. Nosso melhor zagueiro, Thiago Silva, está na reserva. Dunga adora confrontos, picuinhas e regrinhas.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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