• Colunistas

    Wednesday, 08-May-2024 16:08:27 -03
    Tostão

    Mundo ideal e irreal

    22/07/2015 02h00

    Assim como é necessária uma grande mudança estrutural no país, para diminuir a corrupção na política e na economia, é preciso uma grande transformação estrutural no futebol, para evitar que surjam novos Ricardos Teixeiras, novos Marins, novos Del Neros e muitos presidentes de clubes e federações parecidos com os atuais.

    Mesmo se houvesse uma grande mudança positiva no futebol brasileiro, é uma ilusão achar que o Brasileiro se tornaria tão bom quanto os melhores campeonatos nacionais do mundo. Por causa da grande diferença econômica, que está relacionada com as qualidades técnicas, o futebol que se joga no Brasil continuaria na segunda divisão do futebol mundial, com os melhores jogadores negociados para as maiores equipes do planeta.

    Pelo contrário, com a nova lei de responsabilidade fiscal aprovada no Congresso, deverá haver, inicialmente, uma queda de qualidade técnica, pois os clubes terão de gastar menos em salários e em contratações, por causa do risco de serem duramente punidos. Quem sabe, com menos dinheiro, melhore, por necessidade, a formação de atletas?

    Existem muitos ex-atletas e pessoas que nunca chutaram uma bola no comando do futebol, dentro e fora de campo, sem o preparo adequado. É necessário criar cursos sérios e eficientes de formação de diretores-executivos e de técnicos, sejam ou não ex-jogadores. Os técnicos das categorias de base, mesmo os mais preparados, copiam as coisas boas e as medíocres que fazem os técnicos dos times principais.

    A CBF deveria convidar o técnico do Chile para dar palestra aos treinadores brasileiros, que deveriam ir com seus caderninhos e prestar muita atenção, apesar de Sampaoli ter um jeito mais de quem sabe fazer do que de quem sabe ensinar.

    A seleção chilena é uma equipe compacta, que marca por pressão, troca muitos passes, comanda o jogo e tenta recuperar a bola onde a perdeu. Sampaoli, Guardiola e Bielsa são técnicos parecidos, diferentes do padrão internacional.

    O treinador colombiano Osorio, do São Paulo, tem tentado jogar no ataque, como a seleção chilena, com Ganso pelo centro, como faz Valdívia, e com dois atacantes, Pato e Centurión, entrando em diagonal para o meio, como Vargas e Sánchez. Tem funcionado bem apenas com Pato, apesar de ele ter errado muito contra o Sport. Pato, como centroavante fixo, de costas para o gol, é muito confuso. Como segundo atacante, recuando para receber a bola pelo centro, não encontra espaço para driblar em velocidade. Da esquerda para o meio, funciona melhor. Já Centurión é muito ciscador, driblador.

    Na seleção chilena, Valdívia encontra as melhores opções para dar bons passes aos dois atacantes, que entram em diagonal, e aos dois armadores, Aránguiz e Vidal, que também chegam à frente. Além disso, os dois alas, principalmente Isla, pela direita, avançam nas costas dos laterais. Para quem tem talento, como Valdívia, fica muito mais fácil.

    Já Ganso segue perdido, apático, sonhando com o mundo ideal, irreal.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024