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    Tostão

    Todos erram, uns mais que outros

    19/08/2015 02h00

    Os últimos erros dos árbitros, que prejudicaram o Atlético-MG e beneficiaram o Corinthians, não diminuem as qualidades do Corinthians nem as dificuldades do Atlético-MG. O Corinthians não tem o encanto do Atlético-MG, em algumas partidas, porém, é mais regular. É uma disputa entre a melhor defesa e o melhor ataque, entre um time mais prudente e parcimonioso e outro mais ousado e sonhador.

    Nada mais confuso que as novas normas de interpretação quando a bola bate na mão. A regra deveria ser mais simples e mais prática. Deveria ser pênalti apenas quando o defensor estende o braço, por intenção ou por reflexo (mão na bola), como nos pênaltis marcados a favor do Figueirense, contra o Fluminense, e nos não marcados a favor do Atlético-MG, contra o Grêmio, e para o São Paulo, contra o Corinthians.

    Pênaltis marcados, como o a favor do Corinthians, contra o Sport, e para o Santos, contra o Atlético-PR, e tantos outros, quando o jogador disputa a bola e não tem como tirar o braço do corpo (bola na mão), são uma tremenda falta de bom senso. Expressões como "assumiu o risco" e "movimento antinatural", para justificar os pênaltis, são idiotices, impossíveis de serem definidas no momento do lance.

    Todos erram, alguns mais que outros. Os jogadores cometem erros bisonhos. Os técnicos erram na estratégia, nas escalações e nas substituições. Como há dezenas de fatores envolvidos no resultado, muitas vezes, erram acertando ou acertam errando. Outros erram ao escalar jogadores fora de suas melhores posições, como Carlos Osorio e até o revolucionário e excelente Guardiola. Durante a Copa de 2014, o técnico da seleção alemã Joachim Löw, assim como Guardiola tem feito no Bayern, colocou o excepcional Lahm no meio-campo, onde já havia ótimos jogadores, e escalou um lateral-direito mediano. Löw corrigiu o erro, e o time ficou mais forte.

    Comentaristas também erram. Alguns levam para o jogo o comentário já pronto e analisam outra partida. Quando trabalhei na TV, cometi erros. Hoje, cometo outros, como colunista.

    Alguns comentaristas costumam fazer estardalhaço sobre times e jogadores, por causa de um único ótimo jogo, como os de Douglas, do Grêmio, contra o Atlético-MG, e de Fernandinho, do Manchester City, contra o Chelsea, como se eles vivessem ótimas fases. Nenhum dos dois é destaque de seu time. O armador que a seleção precisa não é o Fernandinho, e, sim, seu companheiro de Manchester, o excepcional Yaya Touré.

    Um leitor, que encontro sempre na banca de jornal, meu termômetro sobre as atuações dos jogadores e das equipes, me disse que estou muito otimista em falar de recuperação do futebol brasileiro e que a maioria dos volantes e dos zagueiros quer sair com a bola, trocando passes, e dá para o adversário. Em parte, ele tem razão. Deveria ter escrito início de recuperação, pois a maioria das coisas continua ruim e estagnada. Já os zagueiros e volantes precisam aprender a sair com a bola pelo chão.

    Por muito tempo, o futebol brasileiro foi, por erros sucessivos, amputado e dilapidado, dentro e fora de campo.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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