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    Tostão

    Os treinadores e os críticos

    23/09/2015 02h00

    Os críticos criticam os treinadores, e os treinadores criticam os críticos, por não assistirem aos treinamentos das equipes e por não conhecerem os detalhes, os motivos, de algumas de suas condutas.

    Mas isso não significa que nossas análises sejam equivocadas. Treinadores e críticos têm e não têm razão. Todos temos limitações.

    Por outro lado, se os treinadores dessem explicações claras, técnicas e táticas, seriam mais compreendidos e menos criticados.

    A maioria prefere as respostas evasivas, às vezes grosseiras e prepotentes, como se a imprensa e o público fossem incapazes de entender suas pretensiosas sabedorias. Há ainda alguns repórteres, que, antes de perguntar, elogiam os treinadores.

    Assim como evoluiu a maneira de jogar das equipes brasileiras, por causa dos bons gramados e da orientação dos treinadores, bem diferente do que se fez nos últimos 20 anos, melhoraram também as entrevistas.

    Apesar de não concordar com as frequentes escalações de jogadores fora de suas posições, o técnico Osorio mostra franqueza, conhecimento e clareza em seus conceitos.

    Uma coisa é, durante a partida, no momento do lance, um jogador ocupar outras posições e funções e saber executar bem o que é necessário. Outra é ser escalado, desde o início, no lugar errado.

    Há também uma excessiva tolerância com o técnico colombiano, por ser estrangeiro, como se todos fossem mais bem preparados e mais modernos, e também por que estamos carentes de um treinador diferente.

    Acompanhei, antes e durante várias Copas, os treinamentos diários da seleção, com Zagallo, Parreira, Felipão e Dunga. Achava os treinos, na média, chatos e ineficientes. Não vejo razão para se perder tanto tempo com alguns tipos de ensaios, como os de finalização, sem defensores, após cruzamentos ou após um atacante driblar um cone. Penso que todos os treinos deveriam ser simulações, as mais próximas possíveis, do que acontece no jogo.

    As transmissões atuais das partidas, pela televisão, têm o plano muito aberto, com uma ampla visão do conjunto, o que facilita para o comentarista no estúdio ou em casa. Por outro lado, perde-se algumas coisas, como o posicionamento dos defensores, quando o time está no ataque. Mas posso deduzir, quando a bola é perdida e acontece o contra-ataque. Além disso, pela televisão, tenho a ajuda das informações e dos comentários que aprecio.

    No domingo, deu para ver e deduzir muito bem que o Santos colocava seus quatro jogadores mais adiantados na intermediária do Corinthians, para bloquear a saída de bola, e, ao mesmo tempo, deixava os zagueiros próximos à grande área, com um enorme vazio no meio-campo, onde os talentosos armadores do Corinthians trocavam passes, deitavam e rolavam.

    Quando joga em casa, o Santos comete o mesmo erro, mas, como possui quatro bons jogadores do meio para frente, pressiona, acua e inibe o adversário, suas virtudes e as circunstâncias se sobrepõem à deficiência de deixar enormes espaços entre os setores. Já fora de casa, os resultados são fraquíssimos. Ganhou apenas do Cruzeiro.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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