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    Tostão

    Os limites de cada um

    25/11/2015 02h00

    Se as melhores equipes do mundo jogam, com frequência, três vezes por semana, com quase todos os titulares, com exceção de um ou dois que são poupados, para tentar ganhar mais de um campeonato, por que os times brasileiros, que possuem elencos piores e menores, abandonam uma competição, ao colocar quase somente reservas, como fizeram Palmeiras (mais de uma vez) e Santos, na última rodada?

    Se há duas chances de conseguir os objetivos, por que ir atrás apenas de uma, com a alegação de que os jogadores podem ficar cansados e/ou se contundir? Todos podem se lesionar, nos treinos e nos jogos. Faz parte do risco. Evidentemente, o atleta com problemas, com exames alterados e com muitas possibilidades de ter uma contusão não deveria jogar nem ficar no banco.

    Os clubes possuem também responsabilidade com a qualidade do espetáculo, com os torcedores que pagam caro para ver as equipes titulares, com o interesse de outros times no resultado e com o produto futebol. Isso não é utopia nem ingenuidade. Quanto mais vitórias e títulos, mais prestígio, mais arrecadação, mais condições de melhorar o elenco, mais vitórias e títulos.

    Em casa, o Santos tem mais chance de vencer o Palmeiras, mas não vejo, como dizem, tanto favoritismo na conquista da Copa do Brasil. No Brasileirão, o Santos só ganhou uma partida fora, no pior momento do Cruzeiro. Que grande time é esse?

    Quem joga bem e bonito, em altíssimo nível, é o Barcelona, a união do talento individual e coletivo. O coletivo, sem o individual, é tedioso, repetitivo. O individual, sem o coletivo, é um brilho anárquico, incompreensível.

    Repito, não foi o técnico Luis Enrique que mudou a maneira de jogar do Barcelona, ao acrescentar a velocidade nos contra-ataques à troca curta de passes e à posse de bola da época de Guardiola. Quem definiu o novo estilo, por suas características, foram Suárez e, principalmente, Neymar. Isso aconteceu naturalmente, sem ninguém precisar dar ordens. Obviamente, Luis Enrique tem o mérito de perceber e de incentivar a transformação.

    Muitos disseram que a principal razão da goleada por 4 a 0 sobre o Real Madrid foi a ausência de Casemiro, que jogava bem e era o volante mais marcador. A razão principal foi o talento do Barcelona. Outro motivo foi a incapacidade do técnico Rafael Benítez de formar um bom conjunto, do meio para frente, com os seis jogadores mais talentosos. Com Ancelotti, os mesmos seis jogaram juntos. Quando a equipe perdia a bola, o atacante Bale voltava pela direita e formava, com Modric, Kroos e James Rodríguez, um quarteto na proteção dos defensores. Quando a recuperavam, apenas Kroos ficava atrás, e os outros três se juntavam a Benzema e Cristiano Ronaldo. É o que faz o Corinthians.

    Assim como há jogadores que só fazem uma função e um único tipo de jogada, há técnicos que só sabem armar as equipes de um jeito. Quando há vários craques, em posições parecidas, entram em pânico. Não são técnicos para grandes equipes.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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