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    Tostão

    Vencedores medíocres

    29/11/2015 02h00

    Assim como o São Paulo, mesmo fazendo tudo errado, tem boas chances de conquistar vaga na Libertadores, ainda mais que o Santos vai jogar, hoje, com a equipe reserva, o Palmeiras, mesmo com o futebol de chutões, ultrapassado, pode ser campeão da Copa do Brasil, já que terá o apoio de sua imensa torcida, o gol fora não vale como critério de desempate na final, e o time pode ter uma atuação heroica. O Santos, mesmo com mais possibilidades de ser campeão, não costuma jogar bem fora da Vila. Poderia ter feito uns três gols no primeiro jogo e decidido o título.

    O Inter também abandonou o Brasileirão, durante um bom tempo, por causa da Libertadores, e ainda tem possibilidades de se classificar. A principal razão de São Paulo e Inter terem ainda chance de conseguir seus objetivos é o fraco nível técnico do Brasileirão. Muitos não concordam. Se o Palmeiras for campeão da Copa do Brasil, vão dizer até que é uma ótima equipe.

    Anos atrás, no auge dos chutões, do jogo truncado, dos volantes brucutus, da marcação individual, do excesso de jogadas aéreas, a maioria diria que uma partida, como a de quarta-feira (25), entre Santos e Palmeiras, tinha sido um jogaço, emocionante, intenso. O Palmeiras atua como se estivesse naquela época. Depois do 7 a 1, aumentaram as exigências. A maioria achou o jogo de quarta-feira ruim, embora muitos disseram que foi emocionante, intenso. A partida só não foi pior porque o Santos tem sempre alguns belos momentos.

    Gabriel, o do Santos, fez mais um belo gol. Ele não tem a habilidade de jovens companheiros da seleção olímpica, como Gabriel Jesus, Valdívia e Luan, mas é o mais promissor de todos, pois possui mais técnica e é mais artilheiro.

    Muitos confundem habilidade, técnica, criatividade e talento. A habilidade é a capacidade de dominar, driblar e criar efeitos especiais em pequenos espaços, sem perder a bola. A técnica é a lucidez na decisão do lance e a execução bem feita dos fundamentos da posição. A criatividade é a antevisão do lance, a imaginação para inventar e surpreender. O talento é a união, a síntese, de tudo isso, além das boas condições físicas e emocionais. Os craques possuem, em proporções variáveis para cada um, todas essas virtudes.

    Nos últimos tempos, o Brasil formou muito mais jogadores habilidosos, velozes e dribladores do que técnicos, pensadores, organizadores e capazes de tomar iniciativas em campo, independentemente das ordens do técnico. Os europeus adoram os meias e atacantes brasileiros e sul-americanos, pois são capazes de driblar e criar situações de gol perto da área, enquanto faltam ao Brasil os grande armadores, técnicos, lúcidos e que têm um excelente passe, símbolo do jogo coletivo. Os dois estilos se completam.

    O Brasil só tem um jogador entre os 23 melhores do mundo, mas, entre os 55 escolhidos para disputar um lugar na seleção do ano, seis são brasileiros, sendo quatro defensores, além de Neymar e Douglas Costa. Estranhamente, destes quatro, apenas Daniel Alves é titular da seleção, apesar de Dunga ter feito tudo para deixá-lo fora. Marcelo é reserva, Thiago Silva foi esquecido, e David Luiz é o odiado da vez.

    Aumentou a esperança de que o Brasil tenha, individualmente, do meio para frente, mais qualidade na Copa de 2018. É preciso evoluir muito no coletivo. Dunga, é com você!

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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