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    Tostão

    Atacar a bola e o espaço

    09/03/2016 02h00

    No fim de semana, escutei, milhares de vezes, a palavra "recomposição". Embora seja um fundamento técnico importante, é mais um clichê para explicar derrotas e vitórias. Brevemente, vão eleger o craque da recomposição. Anos atrás, a expressão da moda era "segunda bola". Já teve também "pegada". Outras expressões atuais, cada dia mais frequentes, são "atacar a bola" e "atacar o espaço". Passa a impressão de grande conhecimento.

    A Libertadores continua. Os resultados da rodada anterior foram enganosos. Somente os que analisam futebol pelo resultado e/ou pelos melhores momentos viram uma excepcional atuação do Grêmio na vitória por 4 a 0 sobre a LDU. O Grêmio foi melhor, mas foi um placar atípico, por causa de graves erros individuais dos defensores e da expulsão de um equatoriano.

    Lamentável a contusão de Bolaños, o atacante que o Grêmio precisava. Foi uma agressão do jogador William, do Inter, no Grenal. Nem a falta foi marcada. Maicon merecia também ser expulso.

    O Palmeiras venceu o Rosario Central por 2 a 0, mas todos ficaram assustados, porque, há muito tempo, não se via um time de fora, na Libertadores, sufocar tanto o da casa, teoricamente do mesmo nível, e criar tantas chances de gol. Por outro lado, se fosse o Chelsea, na época de Mourinho, diriam que o grande estrategista colocou um ônibus em frente ao gol.

    Time que só ganha por 1 a 0 e sem brilho, como acontecia com o Corinthians, está muito próximo de começar a perder, ainda mais desfalcado e contra o Santos, na Vila Belmiro. O Santos é um ótimo time caseiro. Fora, mostra inúmeras deficiências, individuais e coletivas. Ricardo Oliveira mostrou, mais uma vez, que é importante para o Santos e que é um dos destaques do futebol que se joga no Brasil. Na seleção, é diferente.

    Deveríamos perder a ilusão e a referência dos estaduais, e também do Brasileirão, na avaliação dos jogadores. Até Robinho, que sempre finalizou mal, fez três gols. Já pediram sua convocação. Os campeonatos nacionais são a segunda divisão em relação ao futebol europeu. Isso não significa que um jogador que atue no Brasil não possa ser titular da seleção, ainda mais com a carência de algumas posições, mas é exceção.

    Aguirre continua na dúvida se escala Cazares ou Patric, que recompõe melhor. Dátolo é outra boa opção. Há muitos bons jogadores para o nível da Libertadores.

    Após tantos jogos ruins, ninguém acredita em uma vitória do São Paulo sobre o River Plate, em Buenos Aires. Não é tanto assim. Como no Brasileirão, há muitos times do mesmo nível, que podem ser campeões. O River Plate é um deles. Se o São Paulo melhorar um pouco nas partes técnica, tática e emocional, fica igual aos melhores.

    Para completar o que escrevi no domingo, e não falar mais no assunto, Ganso, por suas características, só terá chances de evoluir e de ser um jogador excepcional, o que ainda não é, se for coadjuvante de uma grande equipe. Esperar e cobrar que ele decida as partidas é perda de tempo. Ganso jogou mais no Santos, porque o time era muito melhor que o São Paulo, tinha Neymar, ganhava e brilhava.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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