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    Tostão

    Modernidade e competência

    22/06/2016 02h00

    A goleada surpreendente do Chile sobre o México, por 7 a 0 e o empate entre Colômbia e Peru não significam que o Chile seja o favorito hoje, contra a Colômbia. As chances são iguais. Gosto mais do time chileno, principalmente pela diversidade de jogadas. A Colômbia é organizada, porém, mais previsível.

    Após a saída do técnico Osorio do São Paulo para a seleção mexicana, escrevi que ele, apesar de ser um técnico com ideias modernas, que dá ótimas entrevistas e explicações técnicas e táticas, o achava confuso, muito mais pelas escolhas equivocadas do que pela frequente troca de jogadores e de estratégia. Após os 7 a 0, fiquei ainda mais convicto.

    Não há mais lugar para treinadores paizões, boleiros, que "falam a linguagem dos jogadores", mas que não se preparam cientificamente para o cargo. Os clubes brasileiros perceberam isso e não os contratam mais. O futebol mudou.

    Por outro lado, há, com frequência, uma excessiva admiração por treinadores estudiosos, com ideias modernas, mesmo pelos que não conseguem transportar a teoria para a prática, o pensamento para a ação. Essa foi a impressão inicial que tive de Cristóvão Borges, novo treinador do Corinthians, ao ver as equipes dirigidas por ele. Posso estar equivocado.

    EVOLUÇÃO

    Após a nona rodada do Brasileirão, começa a se definir as equipes que vão flertar com o título e/ou com os primeiros lugares e os que vão flertar com o rebaixamento.

    É nítida a evolução da maneira de jogar dos clubes brasileiros, após um longo período de trevas. A mudança começou anos atrás, com Mano Menezes no Grêmio e no Corinthians e com Tite no Corinthians. Pena que isso não seja acompanhado pela presença no futebol brasileiro de seus melhores jogadores. A forma sem o conteúdo é um vazio, e o conteúdo sem a forma é um desperdício de talento.

    A principal virtude do Inter é pressionar quem está com a bola, em todo o campo, recuperá-la, para, daí, partir em velocidade no contra-ataque. Argel deve ser fã de Simeone, técnico do Atlético de Madri. Já o Palmeiras se destaca mais pela diversidade de jogadas, uma característica do bom técnico Cuca. O Grêmio segue com o futebol bonito e eficiente, apesar do elenco com poucas opções. O Corinthians, mesmo sem Tite, tem boas chances de continuar bem, depois que formou um bom trio de meias (Guilherme, Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel).

    O Atlético-MG, com a volta dos titulares, tem boas chances de crescer. Enquanto o Galo, com uma enorme dívida, gasta o que não tem, com a contratação de jogadores caríssimos, o Cruzeiro economiza para recuperar o que gastou com o bicampeonato.

    A diretoria do Cruzeiro deveria ajudar Paulo Bento. Se não der para contratar, pelo menos poderia trocar uns seis medianos, mesmo titulares, por uns dois bons reforços.

    EUROCOPA

    Não existe nada de novo na maneira de jogar na Eurocopa. Com exceção da Itália, que continua à moda antiga, com três zagueiros e dois alas —na prática, são cinco defensores—, as principais seleções jogam de uma maneira parecida. A variação está no meio-campo. Espanha, Inglaterra, França e Portugal atuam com um trio no meio-campo (um volante e dois armadores), enquanto Bélgica e Alemanha jogam com dois volantes e um meia centralizado.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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