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    Tostão

    Ouro não será motivo para dizer que a magia do nosso futebol renasceu

    20/07/2016 02h00

    O resultado final e as atuações das seleções olímpicas não têm relação direta com a qualidade das seleções principais nem com o futebol que se joga nesses países. Se o Brasil ganhar a medalha de ouro (tem grandes chances), não será motivo para a imprensa festiva dizer que renasceu a magia de nosso futebol.

    A seleção olímpica alemã não tem um titular ou reserva que esteve na Eurocopa. A Argentina não terá nenhum titular da seleção principal nem seu melhor jogador com idade olímpica, Dybala, destaque da Juventus. Portugal e Suécia não terão Cristiano Ronaldo nem Ibrahimovic, além de outros de seus principais atletas. México e Colômbia trarão bons jogadores, como o artilheiro Borja, do Atlético Nacional, mas nenhum é titular de suas seleções principais. Dos times africanos, a Nigéria é o mais forte.

    Já o Brasil terá Neymar e Renato Augusto, titulares do time principal. A presença de Fernando Prass sugere que ele tenha sido indicação de Tite e que poderá ser o goleiro nas eliminatórias. Marquinhos tem jogado com frequência na seleção principal. Rafinha seria chamado para os últimos jogos das eliminatórias se não tivesse se contundido. Gabigol participou da Copa América, nos Estados Unidos. Ele e/ou Gabriel Jesus têm boas chances de ser companheiro de Neymar no time principal.

    Não há dúvidas de que o Brasil tem muitos jovens de talento com idade olímpica. A diferença técnica entre o time olímpico e o principal do Brasil é pequena e infinitamente menor que a de outros países. Além disso, a seleção olímpica brasileira tem jogado, nos últimos tempos, sob o comando do técnico Rogério Micale, que será agora reforçada com os três acima de 23 anos. Nos outros países, é um ajuntamento feito na última hora.
    Nunca soube de uma partida jogada pela seleção olímpica argentina.

    Continua a discussão sobre quem é melhor, Gabigol ou Gabriel Jesus. Incluiria Luan nessa discussão. Gabigol é um atacante de poucos lances, porém decisivos, pois finaliza muito bem. O esguio Luan desliza com a bola, sem perdê-la, entre vários defensores. Falta a ele mais decisão nas finalizações. Gabriel Jesus, o que mais tem evoluído e se destacado, possui um repertório mais amplo, além de ser inventivo e um ótimo finalizador.

    Tenho muitas esperanças nos três, mais em Gabriel Jesus. Mas ainda é cedo para dizer que se tornarão destaques da seleção principal e/ou do futebol mundial. Quando vi Neymar, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Romário e outros grandes craques jogarem antes dos 20 anos, fiquei assombrado, perplexo.

    Seria surpresa se não se tornassem os fenômenos que foram. Não tive a mesma sensação com as três atuais promessas, mas alguns jogadores demoram mais para mostrar todo o seu talento, como aconteceu com Rivaldo e Kaká.

    Há muitos obstáculos no caminho dos jovens talentosos, antes de se tornarem grandes craques. Além das dificuldades técnicas, ninguém está preparado para a fama, para o sucesso e para os exagerados elogios e críticas.

    Para se tornar um grande craque, é preciso ter mais do que muita habilidade, técnica, criatividade e ótimas condições físicas. É necessário ter muita lucidez, sabedoria e concentração mental para tomar as decisões corretas. O craque não parece, é. O que é é.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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