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    Tostão

    O Brasil tem mais chances de ganhar o ouro no futebol, mas não é favoritaço

    03/08/2016 02h00

    Nesta quarta-feira (3), a seleção feminina joga contra a China, com esperança de ganhar mais uma medalha.

    Repito, a diferença técnica entre a seleção masculina olímpica e a principal do Brasil é muito pequena, ao contrário de outros países com chances de ganhar medalha. Se Neymar jogasse pelo time olímpico contra o principal, quem seria o favorito?

    O Brasil é o país com mais possibilidades de ganhar a medalha de ouro, mas não é o favoritaço, como diz Arnaldo Ribeiro, da ESPN Brasil. A maioria da imprensa brasileira, me incluindo, não conhece bem os jogadores de outros países candidatos à medalha, que ainda não atuam no time principal e/ou que não são titulares de grandes equipes. Existe também no imaginário do brasileiro, mesmo após os 7 a 1, o conceito ultrapassado de que só no Brasil surgem jovens de talento.

    Na semana passada, vi amistosos entre as seleções olímpicas de México, Colômbia e Argentina. Há muitos bons jogadores, como no Brasil. E a Argentina não terá seus dois melhores com idade olímpica, Dybala e Vietto.

    Isso me faz lembrar um jogo entre as seleções de base de Brasil e Argentina. Pato já era titular do Milan e tratado no Brasil como um novo fenômeno, um novo Romário ou Ronaldo. Escrevi, na época: "Pato já é um craque, antes de ter sido". Após a partida, ficou evidente a enorme diferença técnica entre Pato e Agüero, atacante da Argentina, o que se confirmou com o tempo.

    A dúvida de Micale para a estreia desta quinta (4), ante a África do Sul, é saber quem sai para a entrada de Renato Augusto, titular da seleção principal. Se sair Felipe Anderson, o sistema fica parecido com o do Corinthians e com o dos últimos jogos da seleção principal com Dunga, com apenas um volante, Thiago Maia, e dois armadores que atacam e defendem, Renato Augusto e Rafinha. Não há nenhuma novidade tática, como insistem em dizer. Se sair Rafinha, Renato Augusto vai jogar mais próximo a Thiago Maia, e Felipe Anderson, mais próximo aos três da frente.

    Como Neymar é o craque e presidente do time, ele, como já acontece na seleção principal, talvez queira resolver tudo sozinho. O que é um trunfo pode virar um problema. Micale tem de ficar atento. No Barcelona, Neymar joga pela esquerda. Nas seleções principal e olímpica, por ser o grande craque do time, não deveria atuar como ponta de lança, formando dupla com outro atacante, para ficar próximo ao gol? Tenho dúvidas.

    Receio que Micale, um técnico atualizado, com novas ideias e entusiasmado, seja influenciado pelas opiniões saudosistas e desinformadas, que dão audiência, de que o "Brasil tem de resgatar a essência do futebol e voltar aos anos 1960". O mundo e o futebol mudaram muito. O time precisa ousar, reinventar, sem deixar de ser organizado, equilibrado, disciplinado taticamente e moderno. Ainda bem que temos um técnico sensato.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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