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    Tostão

    Candidatos ao título fazem jogo decisivo que não decide nada

    14/09/2016 02h00

    Após a Copa do Mundo de 2014, alguns técnicos brasileiros, como Joel Santana e Luxemburgo, disseram que não viram nada de novo. A pior cegueira é a dos que enxergam, mas que não sabem ou não querem ver. Felizmente, a maioria enxergou o atraso brasileiro e começou a mudar a maneira de jogar das equipes. Mas isso é apenas parte da solução. Na média, o nível individual continua fraco.

    Existe hoje uma preocupação dos técnicos em formar jogadores de meio-campo que marcam e atacam. Não são volantes, nem meias. Pode chamá-los de meio-campistas, armadores defensivos e ofensivos, médios de apoio ou qualquer outro nome que quiser. Porém, isso ainda não foi suficiente para se formar um craque mundial. Renato Augusto é o melhor. Hoje, veremos, talvez, os dois que mais se destacam no Brasileirão com essas características: Willian Arão e Tchê Tchê.

    Palmeiras e Flamengo são duas equipes organizadas. Vejo o Flamengo mais calculista, equilibrado, sóbrio, enquanto o Palmeiras é uma mistura de disciplina tática e emoção, correria, pressão, abafa e, às vezes, anarquia. Os estilos refletiriam as personalidades dos dois treinadores? O Palmeiras, em muitos jogos, lembra-me o Galo Doido, dirigido por Cuca.

    Alguns vícios e atrasos de décadas anteriores, época dos supertécnicos, estão ainda impregnados no futebol brasileiro, como a marcação individual adotada por Cuca. Contra o Grêmio, Gabriel ia, por todo o campo, atrás de Luan e deixava enormes espaços na lateral direita, que o Grêmio não aproveitou. A marcação individual já foi abandonada há muito tempo, em todo o mundo, até em Messi.

    Gabriel Jesus, se não jogar, fará falta. Apesar de seu talento e excelentes atuações, noto nele uma excessiva preocupação em procurar o confronto físico e mostrar que é raçudo, já adulto e que não tem medo de cara feia. Ele tem muito mais talento que isso. Deveria se mirar nos grandes centroavantes, que fogem dos zagueiros, para enganá-los. Romário estava sempre livre.

    O jovem e bom técnico Zé Ricardo alterna a escalação de dois pontas velozes com a entrada de um armador, geralmente Alan Patrick, no lugar de um dos pontas. Com mais um meio-campista, o time troca mais passes e ajuda Diego na armação. Além disso, Alan Patrick volta para marcar pelos lados. Márcio Araújo continua jogando bem. Ele, Arão, Diego e, às vezes, Alan Patrick formam um bom meio-campo. Essa também é uma qualidade do Palmeiras.

    No passado, diziam que o jogo era decidido no meio-campo. Com os chutões e as bolas longas, típicos da época dos supertécnicos, o meio-campo passou a ser apenas um local de marcação e de passagem da bola pelo alto. Hoje, voltou a ter a importância que tinha.

    O Atlético-MG, um candidato ao título, mais uma vez jogou muito mal na defesa e foi derrotado pelo Fluminense. Dos nove primeiros na tabela, o Atlético-MG é o que sofreu mais gols (34). O elenco é bom só do meio para frente. Já o Grêmio, além do elenco pequeno e fraco, atua bem só em casa, como o Santos. Pensava que Bolaños era muito melhor do que é.

    Como vários times que lutam por vaga na Libertadores empacam quando precisam vencer, surgiram novos candidatos, como Botafogo e Fluminense.

    Divulgação
    Rio de Janeiro, 06.07.2016l, Jogo entre as equipes do Flamengo x Atletico do Parana na foto Mancuello comemora gol de letra aos 14 minutos. Foto Divulgaçao Flamengo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Mancuello comemora gol diante do Atlético-PR
    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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