Rafael Ribeiro-21.mar.2016/ CBF | ||
O jogador Renato Augusto durante coletiva na Granja Comary |
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Thursday, 02-May-2024 22:49:28 -03Tostão
O futebol mostra que muitas vezes o errado pode dar certo
19/10/2016 02h00
Na coluna anterior, escrevi que Renato Augusto tem jogado muito bem, de uma maneira surpreendente, muito melhor do que em toda sua longa carreira, o que atenua um pouco a enorme carência de um grande meio-campista na seleção. Um leitor imaginou que eu queria comparar Renato Augusto a Gerson. Não cometeria essa blasfêmia. Gerson foi o maior armador brasileiro que vi atuar.
Como há tantos fatores envolvidos no resultado e nas atuações das equipes, com frequência o errado dá certo, e também o contrário. Pior, o errado costuma se tornar um chavão, para sempre, como se fosse uma certeza.
Muitas vezes, um técnico substitui mal, o time vira o jogo, ele recebe muitos elogios e ainda aproveita para dar ótimas explicações
técnicas e táticas.Renato Gaúcho, mesmo tendo o Grêmio boas possibilidades de conseguir vaga na Libertadores, pelo Brasileirão, poupou todos os titulares contra o Santos, por causa da partida de hoje contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil. Como o Grêmio empatou na Vila Belmiro, resultado que não se esperava, mesmo se fossem os titulares, o errado se tornou certo, e o técnico foi elogiado.
Dorival Júnior, incomodado até hoje pelas críticas recebidas no ano passado, quando o Santos abandonou o Brasileirão por causa da Copa do Brasil, elogiou bastante o técnico do Grêmio por ter feito o mesmo. O Santos, em 2015, perdeu a vaga no Brasileirão e o título da Copa do Brasil. O errado deu errado, o que é muito mais frequente.
Uma situação é poupar jogadores com problemas físicos e/ou que têm mais possibilidade de ter uma contusão mais grave, ainda mais quando o elenco é bom e grande. Outra é poupar todos os titulares em uma competição, se concentrar na outra, quando há boas chances de ir bem nas duas.
Bagunçaram o Brasileirão. Após o Flá-Flu, os dirigentes do Palmeiras, com a intenção de se defender e de pressionar os árbitros, fizeram uma acusação irresponsável, de que existe um plano para ajudar o Flamengo. O Palmeiras é o líder, a melhor equipe, e não precisa desse jogo de bastidores ser campeão.
O Fluminense pediu a anulação do jogo contra o Flamengo, mesmo sabendo que o árbitro, após 13 minutos de lambanças, agiu certo em anular o gol. Querem que o errado seja o certo, com a justificativa de que houve ajuda externa. O que é justo, a vitória do Flamengo, pode ser ilegal, se for provado o auxílio das imagens da televisão.
O conflito entre o que é justo e a lei é frequente na vida humana.
Se a decisão final do árbitro estivesse errada, concordaria com a anulação do jogo. Na situação específica, manteria o resultado e puniria o árbitro por ter aceitado ajuda externa.
É cada dia mais comum a ajuda das imagens, em todo o mundo, nas decisões dos árbitros. Todos sabem, mas fingem que não existe. É preciso, com urgência, em algumas situações, oficializar a participação do quarto árbitro, o do vídeo, para ajudar o árbitro de campo, transformar o ilegal em legal.
Os árbitros brasileiros, além da limitação humana para ver muitos detalhes, erram demais. Sabem as regras, mas conhecem pouco de futebol. A agressividade e a má educação dos atletas contribuem muito para os erros.
Os treinadores e dirigentes não orientam nem punem os jogadores infratores. Está tudo errado. Devem achar que o errado é que está certo.
Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
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