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    Tostão

    Vitória com grande atuação contra a Argentina pode encerrar luto pós-7 a 1

    09/11/2016 02h00

    Vanderlei Almeida/AFP
    O técnico Tite conversa com jogadores durante sessão de treinamento da seleção brasileira

    Amanhã, a Argentina deve ter mais cuidados defensivos, marcar com oito jogadores mais recuados, provavelmente duas linhas de quatro, e deixar Messi livre, para se aproximar do centroavante Higuaín. O técnico Bauza deve escalar um armador pela direita, aberto, para ajudar o lateral Zabaleta contra Neymar e contra os avanços de Marcelo. O trio brasileiro no meio-campo, formado por Fernandinho, Paulinho e Renato Augusto, não pode permitir que Messi receba a bola livre na intermediária.

    Como Tite não vai mudar o esquema tático, há três jogadores (Douglas Costa, Philippe Coutinho e Willian) para uma posição, pela direita. Coutinho deve ser o preferido. Porém, no Liverpool, ele atua da esquerda para o centro, onde encontra sempre uma ótima solução para finalizar ou dar um passe decisivo. Por outro lado, Tite gosta que Coutinho saia da direita para o centro, para receber a bola nas costas dos volantes, como fazia Jádson no Corinthians.

    Repito, pela milésima vez, que falta um excepcional armador na seleção brasileira, embora Renato Augusto esteja jogando bem. Paulinho é apenas um bom jogador. Em seus melhores momentos, se destacava pela chegada à frente, para finalizar. Sempre foi um armador discreto. No Tottenham, como não fazia gols, os ingleses não entendiam por qual motivo tinha sido titular da seleção.

    Por estar em boa forma física e técnica na China, ter a confiança de Tite, saber o que o técnico deseja e por não haver outras melhores opções para seu lugar, Paulinho tem sido escalado. Outro técnico não o convocaria.

    Uma alternativa diferente, para ser testada mais à frente, seria a escalação de Marcelo no meio-campo, já que há outro excelente lateral-esquerdo, Filipe Luís. Além de ser acostumado a marcar, Marcelo tem muito talento ofensivo. Outra opção tática, para ser usada em certos momentos, seria atuar com dois volantes (Fernandinho e Renato Augusto) e um meia de ligação (Philippe Coutinho), em vez de um volante e um armador de cada lado, como a seleção faz normalmente. Inverteria o vértice do triângulo no meio-campo. No lugar do atual 4-1-4-1 ou 4-3-3, o time jogaria no 4-2-3-1.

    A Argentina possui a mesma dificuldade. Mascherano é excelente do meio para trás, e Messi é genial do meio para frente, próximo da área. Falta entre os dois um grande armador, que controle e comande o jogo no meio-campo. O único brilhante meio-campista sul-americano, que joga bem de uma área à outra, é o chileno Vidal, do Bayern. Essa deficiência se deve ao fato de que houve, na América do Sul, uma divisão no meio-campo entre os volantes defensivos e os meias ofensivos.

    A seleção tem jogado bem e, em casa, tem mais chances de vencer. Uma vitória, com uma grande atuação, contra um forte rival, no Mineirão, pode ser um marco definitivo na recuperação do time brasileiro e o fim do luto, da depressão pós-7 a 1, mesmo não sendo contra a Alemanha, nem por goleada.

    No Mineirão, na ampla sala na saída dos vestiários, por onde passam os jogadores em direção ao gramado, há a exposição de uma camisa da Alemanha, com a assinatura dos jogadores alemães que atuaram nos 7 a 1. É impossível não vê-la. Não é uma provocação. É uma homenagem ao grande jogo, para jamais ser esquecido.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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