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    Tostão

    Grêmio tem mais chances de título, mas Atlético-MG sonha com heroísmo

    07/12/2016 02h00

    Lucas Uebel/Grêmio FBPA/Divulgação
    RS - FUTEBOL/COPA DO BRASIL 2016/GREMIO X ATLETICO-MG - ESPORTES - Lance da partida entre Atletico-MG e Gremio disputada na noite desta quarta-feira no Mineirao valida pela final da Copa do Brasil 2016. FOTO: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
    Jogadores do Grêmio comemoram gol de Pedro Rocha no jogo de ida da Copa do Brasil

    Se o Grêmio conquistar a Copa do Brasil, o que é provável, um dos homenageados deveria ser Roger Machado, responsável pela formação do conjunto e do estilo eficiente e bonito. O Grêmio é hoje uma mistura do conhecimento de Roger com a vibração e a experiência de Renato. Roger cometeu o erro de ter saído, de não ter tido paciência no momento de turbulência, principalmente pela ausência de vários titulares.

    O Atlético-MG sonha com um jogo heroico, o que é possível. Se Marcos Rocha, Rafael Carioca e Luan jogarem, o time fica muito mais forte.

    No sábado, dia dos velórios e de profunda tristeza, celebrava-se, do outro lado do mundo, a beleza e a qualidade do futebol, com as partidas entre Chelsea e Manchester City e entre Barcelona e Real Madrid. O jogo na Inglaterra, com vitória do Chelsea por 3 a 1, com menos craques, foi melhor e mais emocionante.

    Guardiola e Conte organizaram suas equipes de maneira parecida, com três zagueiros e, como alas, pontas com características de atacantes, com exceção de Marcos Alonso, ala esquerda do Chelsea. Foram dois times bastante ofensivos. Os dois técnicos, por conhecerem bem as deficiências defensivas dessa maneira de jogar, exploraram bastante as jogadas pelos lados e criaram muitas chances de gol.

    Como os três zagueiros tendem a se agrupar, em linha, pelo centro, muitas vezes, quando o time perde a bola, não dá tempo para os alas (pontas) voltarem para marcar ao lado dos três de trás. O Chelsea recompunha mais rapidamente e formava uma linha de cinco defensores e outra de quatro no meio-campo. Defendia com nove e avançava com muitos jogadores.

    Repetindo o que disse Mauro Cézar Pereira, da ESPN Brasil, espero que os técnicos brasileiros estejam atentos. Luxemburgo e Renato Gaúcho não precisam, pois já disseram, recentemente, que não têm nada a aprender na Europa.

    No empate em 1 a 1 no clássico espanhol, o Real Madrid, dirigido por Zidane, deu uma aula sobre como formar uma eficiente linha de marcação no meio-campo, sem ter um único típico volante, mais marcador. Casemiro entrou apenas no fim do jogo. Messi e Neymar foram muito bem marcados. O Barcelona, cada vez mais, se afasta do estilo da época de Guardiola e de Xavi, ainda mais quando Iniesta não está em campo. Hoje, predominam a velocidade e a pressa de a bola chegar ao excepcional trio ofensivo.

    Porém, se Messi e Neymar não tivessem perdido um gol à frente do goleiro, quando o jogo estava 1 a 0 para o time catalão, e se De Bruyne não tivesse perdido um gol sem goleiro, quando o Manchester City vencia por 1 a 0, os resultados e as análises dos dois jogos seriam diferentes. Isso reforça evidências de como um detalhe, um acaso, um piscar de olhos, um sim ou um não, uma decisão equivocada, irresponsável, pode ser a faísca para mudar a história de um jogo ou ser o início de uma tragédia, como a queda de um avião.

    O poeta Ferreira Gullar, que morreu dias atrás e que gostava de futebol, dizia que uma das funções do sistema tático é eliminar o acaso. Ele falava também que a arte existe porque a vida não basta. Parafraseando o grande poeta, a beleza e o imponderável só existem no futebol porque os sistemas táticos e os resultados não bastam.

    "Uma parte de mim é multidão. A outra parte é estranheza e solidão" (Ferreira Gullar).

    Zô Guimarães/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 28-08-2015, 21h; Retrato do escritor Ferreira Gullar que lança livro de ensaio inédito e relança sua obra completa. Foto em sua em Copacabana, Rio de Janeiro. Foto: Zo Guimaraes/Folhapress/ ILUSTRADA (zo com acento circunflexo no o)**EXCLUSIVO FOLHA**
    Retrato do escritor Ferreira Gullar, morto no domingo (4) devido a insuficiência respiratória
    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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